Escolas de samba de Três Rios se unem para criar nova liga e cobrar mais participação no carnaval



Comissão deve visitar as obras da Cidade do Samba e dirigentes querem reunião com o prefeito Jonas Dico







Redação



Na noite desta quinta-feira (7), representantes das seis escolas de samba de Três Rios se reuniram no Centro da cidade para discutir os rumos do carnaval e a criação de uma nova liga que represente as agremiações. Foi o primeiro encontro com este objetivo, reunindo os presidentes (foto, a partir da esquerda) Linderson Zanardi (Bom das Bocas), Luciano Espírito Santo de Souza (Em Cima da Hora), Cícero de Souza (Independente do Triângulo), Rosemar Goulart (Sonhos de Mixyricka), Fabiano Pacheco (Bambas do Ritmo) e o diretor de carnaval Flávio Roberto (Mocidade Independente de Vila Isabel), que representou o presidente Edilson Tadeu.

Segundo os dirigentes, a iniciativa busca dar mais força e voz às escolas nas decisões relacionadas ao desfile. “O intuito é tentar criar a liga para ter mais força, pois não temos informações, não conseguimos chegar até o prefeito, não temos informações sobre os barracões. Desde o carnaval ninguém mais fala sobre carnaval, estamos à deriva. Temos que nos unir, tentar organizar as coisas. Nós não estamos tendo apoio. Protagonizamos a festa e não participamos de nada”, afirmou Fabiano Pacheco, presidente do Bambas do Ritmo, atual campeã do carnaval trirriense.

“Tivemos uma reunião ontem e conseguimos unir as escolas de samba para falar uma só língua. A gente quer criar uma liga para organizar melhor o carnaval, ter uma representatividade maior e buscar mais recursos financeiros. Por exemplo, muitos recursos do estado, até do governo federal, a gente não consegue porque não temos uma liga”, comentou o presidente Linderson Zanardi, do Bom das Bocas.

Luciano Espírito Santo, presidente da Em Cima da Hora, reforçou a importância de maior representatividade. “A gente precisa ter uma representatividade maior no mundo do samba. Sabemos que o poder público faz a parte dele, mas a gente precisa ter voz. A Cidade do Samba é uma obra que favorece as escolas, mas também preocupa, diante da depredação e vandalismo nos carros alegóricos estacionados na Avenida Zoelo Sola.”

Luciano destacou ainda o retorno da Em Cima da Hora ao desfile e citou o apoio popular e institucional. “Fizemos um abaixo-assinado no Monte Castelo e, em cinco dias, conseguimos 250 assinaturas. Contamos com a boa vontade do secretário de Cultura, Gustavo Carvalho, que já presidiu uma escola de samba e conhece de perto nossas necessidades.”

Nos próximos dias, uma comissão formada pelos dirigentes visitará as obras da Cidade do Samba, no bairro do Triângulo, empreendimento orçado em quase R$ 4 milhões. A intenção é também agendar reunião com o prefeito Jonas Dico para discutir o papel das escolas no planejamento do carnaval e nos eventos culturais da cidade.

Entre as reivindicações estão maior participação na definição do regulamento — atualmente apresentado a poucos dias do desfile —, padronização na gravação dos sambas-enredo, definição antecipada de enredos e calendários, além de apoio na captação de recursos junto aos governos estadual e federal.

O desfile das escolas de samba de Três Rios, oficializado em 1972, é reconhecido como um dos mais importantes do interior fluminense, com elevado padrão artístico em fantasias e alegorias.


Histórico das ligas
O carnaval trirriense já contou com três ligas ao longo de sua história: a Ascatri (décadas de 1970 e 1980), presidida por nomes como Jorginho Espanta e Selmarino; a ATAC (Associação Trirriense das Agremiações Carnavalescas), liderada por Murilo Veiga; e a Liest (Liga Independente das Escolas de Samba de Três Rios), criada no início dos anos 1990 e presidida por Ciro Fernando, Paulo Sérgio Pereira e José de Almeida Rodrigues. Com o fim da Liest, a organização do carnaval passou à CODE (Comissão Organizadora do Desfile das Escolas de Samba), atualmente sob responsabilidade de José de Almeida Rodrigues.

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