
Redação
Morador do bairro Bela Vista, em Paraíba do Sul, o enredista e museólogo Diego Araújo, conhecido por sua atuação no carnaval carioca e paulistano, dá mais um passo importante em sua trajetória cultural. Após assinar enredos marcantes na Marquês de Sapucaí e no Anhembi, Diego estreia neste fim de semana na Flor Matizada, grupo pioneiro de ciranda da cidade de Manacapuru (AM), dentro do segundo maior festival folclórico do Amazonas.
O convite partiu do vice-presidente da agremiação, Andrinho Demerson, que já acompanhava o trabalho de Diego no carnaval do Rio de Janeiro. Desde então, o morador de Paraíba do Sul passou a integrar o Conselho Artístico da Flor Matizada, responsável pela pesquisa e produção textual, além de dividir a direção geral do espetáculo.
Para a estreia, Diego mergulhou nas raízes da ciranda e desenvolveu o tema “Amazônia, Sonho e Luta Cirandeira”, que traz uma narrativa sobre as questões sociais e ambientais da região amazônica. “É uma aventura conduzida pelas borboletas de um panapaná amazônico, onde Antônio e Benta lutam para resgatar a Flor Matizada. Um enredo que une sonho, identidade e resistência”, explica o enredista.
Com experiência em enredos como “Negra, Pérola Mulher” e “Batuk” (Império da Tijuca, 2013 e 2014), além de “Lunário Perpétuo: A profética do saber popular” (Porto da Pedra, 2024), Diego também acumula pesquisas no carnaval paulistano, no Império de Casa Verde e Nen~e da Vila Matilde, e no carnaval trirriense, atuando em escolas tradicionais como Bom das Bocas e Bambas do Ritmo. A participação no festival amazônico reforça o alcance de seu trabalho e o reconhecimento fora do eixo Rio–São Paulo.
O Festival de Cirandas de Manacapuru, que acontece nos dias 30 e 31 de agosto, mobiliza cerca de 600 pessoas entre cirandeiros, diretores e equipes de apoio. “O maior desafio é compreender a dinâmica, que é bem diferente do carnaval. Mas, como acompanho o festival desde 2001, a integração foi muito natural”, afirma Diego.
Fundada em 1980, a Flor Matizada é uma das três grandes cirandas de Manacapuru, conhecida como a Princesinha do Solimões. A competição reúne milhares de espectadores no Parque do Ingá, o Cirandódromo, e será transmitida ao vivo pela TV A Crítica, no YouTube.
Assim, Paraíba do Sul se orgulha de ver um de seus talentos levar a criatividade e a força da pesquisa cultural do interior fluminense até o coração da Amazônia, conectando duas tradições populares em um mesmo fio de resistência e arte.
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