Com visual irresistível e sabor nostálgico, doce aquece a economia criativa, movimenta mercados e conquista até os mais exigentes — mas exige atenção com a saúde bucal

Redação
Uma nova paixão nacional vem tomando conta da internet e das ruas: o morango do amor. Derivado da tradicional maçã do amor, esse doce ganhou fama nas últimas semanas ao se tornar febre nas redes sociais, lotar festivais e esgotar rapidamente nas bancas de confeiteiros. Feito com morangos cobertos por brigadeiro branco e finalizados com uma casquinha crocante de caramelo vermelho, o doce conquistou o público pela combinação de sabores e pela estética chamativa — que o tornou um sucesso “instagramável”.
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Silvana Canavez encontrou no morango do amor uma forma de fortalecer sua marca |
A origem do conceito não é exatamente nova. A clássica maçã do amor surgiu em 1908 nos Estados Unidos, criada por um confeiteiro para o Natal, e chegou ao Brasil na década de 1940. Hoje, o “parente” do morango tem seu próprio protagonismo. Durante o Festival do Morango, realizado nos dias 26 e 27 de julho no Memorial da América Latina, em São Paulo, cerca de 50 mil morangos do amor foram vendidos em apenas dois dias, sinal do sucesso estrondoso da iguaria.
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Morangos do amor produzidos por Silvana Canavez |
Mas como toda moda repentina, o fenômeno vem provocando reações em cadeia — tanto econômicas quanto de saúde pública.
Alta na procura eleva preços
Na zona oeste do Rio, uma pequena caixa de morangos também pode ser encontrada por R$ 12 em barracas de rua. Para quem deseja acompanhar a tendência em casa, o custo dos ingredientes — que inclui leite condensado, creme de leite, leite em pó e manteiga — também vem pesando.
Por outro lado, para quem vive da confeitaria, o morango do amor vem representando uma oportunidade de ouro.
Doceiros comemoram aumento nas vendas
Valdirene da Conceição, confeiteira artesanal formada pelo Senai, viu seu faturamento disparar com o novo doce. “Nesses quatro dias que fiz o morango do amor, a venda superou a do Natal, ou seja, em quatro dias superou um mês. Dá para fazer uma graninha boa, embora seja meio trabalhoso e delicado”, conta. Cada unidade é vendida a R$ 12, ou R$ 10 em compras acima de duas unidades.
Já Silvana Canavez, professora e empresária aposentada, encontrou no morango do amor uma forma de fortalecer sua marca. Apaixonada pela confeitaria, ela se especializou em doces caramelizados e lançou o produto assim que percebeu seu potencial.
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Valdirene da Conceição aproveitou a oportunidade com a explosão do produto nas redes sociais |
“Foi nesse embalo que eu encontrei uma oportunidade, cobrando o justo para ser acessível a todos. O doce nos pega pelo sabor nostálgico e pela beleza. Acredito que isso fez ser o grande sucesso”, afirma Silvana.
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As encomendas de morangos do amor de Valdirene aumentarem |
A adesão à tendência foi tanta que até uma grande rede de supermercados da cidade começou a vender o morango do amor em suas unidades.
Alerta de dentistas: doce pode causar danos
Apesar do sabor e da beleza, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) emitiu um alerta sobre os riscos do consumo excessivo do doce, principalmente para quem usa aparelhos ortodônticos, próteses ou facetas. A casquinha dura de caramelo pode quebrar dentes, deslocar aparelhos e danificar restaurações dentárias.
“Dependendo do acidente, é possível haver danos irreversíveis aos dispositivos, que podem ser arrancados da boca por ficarem grudados”, afirma o CFO. A conselheira Bianca Zambiasi orienta: “É fundamental reforçar que pacientes com aparelhos ortodônticos, lentes, facetas e próteses em geral, não devem ingerir alimentos duros e pegajosos”.
Além disso, o alto teor de açúcar do doce favorece o surgimento de cáries, exigindo atenção redobrada com a higiene bucal após o consumo.
Febre de curta duração ou novo clássico?
Ainda é cedo para dizer se o morango do amor vai se firmar como um clássico ou desaparecer como tantas modas culinárias passageiras. Por ora, ele encanta pela estética, emociona pelo sabor e movimenta economias locais, mesmo com os alertas de saúde.
E como em todo caso de amor: vale a pena, desde que com moderação.
Imagens: Divulgação/ Reprodução
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