A vida está passando, o que tem ficado?

Dias atrás, conversando com uma amiga, ela me perguntou como havia sido a apresentação de um trabalho muito importante que eu tinha feito. Ao tentar responder, percebi que não me lembrava. Aquilo me surpreendeu. Como é possível esquecer algo que deveria ter proporcionado tantas recordações? Essa pergunta despertou em mim uma reflexão profunda: quantas coisas importantes já vivi, mas deixei escapar da memória e, pior, da consciência? O que é uma vivência que não se registra internamente? Talvez seja apenas mais um momento que passou sem me transformar. Uma vida vivida… mas perdida.

Foi aí que os ensinamentos logosóficos começaram a ressoar com mais força dentro de mim. Recordei o que a Logosofia ensina que os conceitos formam as verdadeiras reservas morais da humanidade. Mas, para que um conceito seja incorporado, é preciso vivê-lo com consciência. Ele precisa encontrar solo fértil no mundo interno, ser cuidado, revisitado. Precisa ser lembrado.

Um conceito não nasce por acaso, como diz o mestre Raumsol: “Os conceitos não nascem obedecendo a leis caprichosas; nascem de uma concepção, e toda concepção tem sua origem em uma lei”. Ao esquecer as experiências e vivências que poderiam me ensinar a transformar a minha vida, acabo me afastando desses conceitos e, por consequência, da oportunidade de formar uma base mais sólida para minha vida.

Essa experiência me fez entender algo que a Logosofia explica com clareza: somos o resultado do que cultivamos internamente. O ser humano é uma sucessão de seres e, como diz outro ensinamento de González Pecotche, de cada um depende que o ser de hoje não comprometa o de amanhã. Se vivo no automático, repetindo padrões e esquecendo o que poderia melhorar, não ofereço nada de novo ao ser que serei no futuro.

Percebi que não basta viver, é preciso integrar o que se vive. A cada experiência esquecida, a cada aprendizado não refletido, perco a chance de crescer e construir minha própria herança com valores e virtudes. Entendi, claramente, que recordar também é um ato de amor a si mesmo, porque permite reconhecer, aprender e valorizar a própria história.

Hoje, por meio dos estudos logosóficos, venho aprendendo a ser mais consciente das minhas vivências, a observar meus pensamentos e a registrar, com profundidade, o que sinto e penso. Assim, vou me tornando um ser mais lúcido, com bases mais firmes – alguém que se busca não apenas no que vive, mas no que compreende e transforma a partir do que vive.

Um pensamento de Luisa Souza

Investigadora e Docente de Logosofia

Fundação Logosófica em Prol da Superação Humana


(24) 98842 1575

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