Cefaleia tensional x enxaqueca: dor de cabeça pode ser mais do que um incômodo passageiro






A dor de cabeça é a quarta maior causa de busca por atendimento médico nas unidades de emergência e a primeira dos ambulatórios de neurologia. Segundo o Dr. Gustavo Pina, neurocirurgião do Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição, as cefaleias são divididas em dois grandes grupos: primárias e secundárias: “as primárias são as doenças cujo sintoma principal é a dor de cabeça, que vem em episódios recorrentes, como a cefaleia tensional e a enxaqueca. Já as secundárias funcionam como o sintoma de uma doença subjacente, neurológica ou sistêmica, como dengue, tumor cerebral e AVC hemorrágico.”

A cefaleia do tipo tensional é a mais frequente entre as primárias e tem bastante prevalência entre o público de 40 anos. De intensidade fraca a moderada, gera a sensação de aperto ou pressão nos dois lados da cabeça e está relacionada ao cansaço e estresse emocional. Com a enxaqueca, a situação é mais complexa porque, além de envolver uma dor de cabeça extremamente forte, com duração de 4 a 72 horas, a condição traz outros sintomas.

Definida como uma doença crônica, a enxaqueca afeta 15% da população brasileira, sendo 22% das mulheres e 9% dos homens. De acordo com o neurocirurgião do Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição, o fato da condição ser mais comum entre o público feminino está associado às flutuações hormonais, principalmente do estrogênio, que podem desencadear ou agravar as crises. Por causa disso, geralmente, as crises estão relacionadas com o período menstrual, atingindo predominantemente mulheres de 20 a 40 anos.

Em 60% dos casos, a dor da crise de enxaqueca acontece em apenas um lado da cabeça e costuma mudar de local entre uma crise e outra. Também envolve sintomas como náuseas, vômitos, fotofobia e fonofobia. “Dias ou horas antes da crise de enxaqueca, o paciente pode experienciar um raciocínio mais lento, irritabilidade e desânimo. De 5 a 60 minutos antes da cefaleia, algumas pessoas apresentam “aura”, um conjunto de sintomas neurológicos, que pode se expressar com alterações visuais e de fala ou da sensibilidade em um dos lados do corpo.”, explica Dr. Gustavo. O tratamento para a condição crônica combina medidas farmacológicas com não farmacológicas, como hidratação adequada, prática de atividade física, alimentação regular e uma boa rotina de sono.

No entanto, é preciso ficar mais atento quando se trata de uma cefaleia do grupo secundário, diante da possibilidade de estar associada a doenças mais graves. O neurocirurgião recomenda a procura de atendimento médico imediato quando a cefaleia apresenta as seguintes características:

Cefaleias que mudam de padrão ao longo da vida em intensidade, duração, localização ou forma de apresentação;

Cefaleias que surgem após os 50 anos de idade (as cefaleias primárias surgem nas primeiras décadas de vida);

Cefaleias de início agudo e forte intensidade, caracterizadas como “a pior dor da vida”, costumam ocorrer nos acidentes vasculares e hemorrágicos, necessitando do cuidado médico imediato.

Cefaleias acompanhadas de febre, rigidez na nuca e alterações do nível de consciência são comuns em neuroinfecções, como meningites e meningoencefalites;

Cefaleias relacionadas a sintomas neurológicos, como fraqueza e um lado do corpo ou crise convulsiva podem estar relacionados a acidentes vasculares encefálicos e tumores cerebrais.

Assessoria HCNSC

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