Trirriense traduz clássico da filosofia alemã e lança obra em congresso internacional

Morador do Ponto Azul, Luiz Filipe Oliveira apresenta livro no CoNupes, em Juiz de Fora; tradução levou cinco anos para ser concluída


Morador do bairro Ponto Azul e professor de Ensino Religioso na Prefeitura de Petrópolis, Luiz Filipe Oliveira leciona em duas escolas no distrito da Posse


Uma pesquisa que começou na graduação, atravessou um doutorado e se transformou em um feito inédito para um pesquisador trirriense. Luiz Filipe Oliveira, doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), traduziu diretamente do alemão para o português Fedon Ou Sobre A Imortalidade Da Alma, de Moses Mendelssohn, obra publicada em 1767 e considerada uma das mais importantes reflexões sobre a imortalidade da alma.

O lançamento da tradução será durante o VI Congresso Internacional de Ciência, Saúde e Espiritualidade (CoNupes), entre os dias 3 e 5 de abril, em Juiz de Fora. O evento, organizado por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), reúne estudiosos de diversas áreas para debater a relação entre espiritualidade e ciência.

“É minha primeira vez como conferencista, e fui convidado justamente pelo lançamento da obra”, conta Luiz Filipe, que começou a traduzir o livro em 2019, no início de seu doutorado. Segundo ele, o trabalho foi, ao mesmo tempo, um desafio acadêmico e uma forma de adaptação à nova rotina. “Naquele período, por não conhecer ninguém em Porto Alegre, a atividade se tornou uma forma de distração”, relembra.


Fedon Ou Sobre A Imortalidade Da Alma, de Moses Mendelssohn, obra publicada em 1767 

Pesquisa e dedicação

A tradução de Phaedon foi um processo minucioso que durou cinco anos. “É um trabalho difícil, que exige muito tempo investido no aprendizado da língua de origem. Estudo alemão desde 2014 e, aos poucos, fui desenvolvendo a tradução, sem pressa, nos momentos em que sentia vontade e tinha tempo disponível”, explica.

O interesse pelo tema surgiu ainda na graduação em Filosofia, na UFJF. Desde então, Luiz Filipe se dedica a investigar a relação entre a consciência humana e o cérebro. “Meu objetivo é entender se nossa subjetividade é inteiramente constituída por processos físico-cerebrais, psicológicos e sociológicos ou se ela transcende esses fatores, sendo de natureza imaterial, o que comumente chamamos de alma”, diz.

Na obra de Mendelssohn, o filósofo judeu-alemão faz uma defesa racional da imortalidade da alma, um tema que atravessa séculos e continua sendo debatido por estudiosos. “É uma releitura moderna da obra de Platão, que tinha o mesmo propósito de tratar da alma. Mas o Mendelssohn moderniza, utilizando argumentos racionais da filosofia moderna. A importância desse livro está em sua tentativa de conciliar razão e espiritualidade, mostrando que a existência da alma pode ser demonstrada filosoficamente”, afirma Luiz Filipe.

Além de sua trajetória acadêmica, Luiz Filipe mantém uma rotina intensa de trabalho na região. Morador do bairro Ponto Azul e professor de Ensino Religioso na Prefeitura de Petrópolis, ele leciona em duas escolas no distrito da Posse. “Vou e venho todos os dias”, ressalta o ex-aluno do Colégio Estadual Moacyr Padilha.

O lançamento do livro será realizado no CoNupes, um evento que reúne pesquisadores e especialistas de diversas áreas para discutir a interseção entre ciência, saúde e espiritualidade. Organizado pela Universidade Federal de Juiz de Fora, o congresso é um importante ponto de divulgação de novas perspectivas sobre a existência da alma.

Após o lançamento no CoNupes, a tradução de Phaedon estará disponível em livrarias da região. “Foram cinco anos de trabalho intenso, mas saber que essa obra poderá alcançar novos leitores no Brasil faz tudo valer a pena”, conclui.





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