Neste Natal...



E em todos os outros Natais precisaríamos da humildade do escritor alemão e monge beneditino Anselm Grün, que "une a capacidade ímpar de falar de coisas profundas com simplicidade e de expressar, com palavras, aquilo que as pessoas experimentam em seu coração". É difícil encontrar palavra humana que consiga dizer o que sentimos de mais puro e verdadeiro, principalmente nesta época do ano.

Mas não só no Natal deveríamos abrir o coração em gentileza e generosidade. Em meio ao grande mistério da noite santa e anunciada, e diante da candura do Menino-Deus nascido, a humanidade inteira, por alguns momentos, poderia guardar um profundo silêncio, em reverência. E depois irromper, em uníssona voz: "Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens por Ele amados" (Lucas 2,14).

No dia e na noite de Natal e em todos os outros dias e noites do ano precisaríamos ficar mais atentos, como aqueles humildes pastores que apressados acorreram a Belém e lá encontraram o recém-nascido envolto em faixas. Sem medo, como eles, também nós deveríamos sair de nosso comodismo e partir em direção às grutas e manjedouras que se encontram e se escondem, envergonhadas de tanta pobreza e miséria, espalhadas por esse mundo e tão à nossa volta, esquecidas de todos e por todos nós. O Deus-menino nasceu-nos como o nosso Salvador — mas estes tantos e tão próximos de nós também poderiam vir a ser os nossos salvadores... Nós, seres humanos, só seremos humanos à medida que acolhermos Deus nesses mais pobres e esquecidos e de nós tão próximos.

De nossas trevas precisa surgir a Luz; de nossa solidão, a solidariedade; de nosso medo, a coragem, a confiança; de nossa fraqueza, a força. Assim sendo, de nossa tristeza surgiria a verdadeira alegria; de nossas dúvidas brotaria a certeza da fé, do amor maior.

Poderíamos, para dar o primeiro passo, ir ao encontro de alguém que, no passado, nos magoou e oferecer-lhe de volta, sem pronunciar palavra, a renovada amizade num simples abraço mais demorado. Ir ao encontro de outro, pedir ou conceder-lhe o perdão. Recolher, de dentro mesmo de nossas casas, tantas coisas para nós desnecessárias, e levá-las a alguém que delas tanto precisa... E para isso, não precisaríamos esperar chegar o Natal, pode ser a qualquer dia ou hora. No nosso coração que oferta e no coração de quem recebe seria o melhor Natal... Não há, em todo o calendário de trezentos e sessenta e cinco dias, o "dia do Amor", porque é todo dia, ou deveria ser.

Que neste Natal e em todos os dias do novo ano a misericórdia amorosa do Deus-menino aja em nós. Que junto à família, amigos e em meio à troca de presentes, mesa farta, roupa nova e muita música e muitas luzes, Ele nos envolva com sua humildade e sabedoria divina e nos encoraja a levar esperança aos desesperançados; consolo aos aflitos e também uma boa parte do nosso pão de cada dia àqueles que nada têm.

Para isso, abramos nosso coração ao Deus-menino e aos nossos irmãos mais pobres, mais esquecidos. Estes também querem e precisam fazer morada em nós.

Um santo e Feliz Natal a todos. E um Ano Novo cheio de paz, saúde e alegria!

Imagem: Reprodução


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