A vida humana é como um Advento permanente, em que vamos ao encontro de Jesus Cristo, que veio e vem para nos salvar. A vida terrena é a nossa estrada que nos leva ao céu. A morte física não é o fim, mas a possibilidade de ressuscitados, vivermos eternamente felizes e em paz, juntos ao nosso Deus-Pai, configurados a Jesus Cristo, pela atuação eterna e amorosa do Espírito Santo. Assim, mais que a dor do luto quando parte para a Vida Eterna quem amamos, é a saudade encharcada da esperança-certeza da ressurreição e vida eterna. À luz do Ressuscitado que vem, celebramos a passagem de nossa querida Dona Joana, nos seus 102 anos de “Peregrina da Esperança”. Permito-me registrar abaixo o testemunho de seu filho Luiz Fernando de Melo, ao qual chamaria de Testemunho de uma vida santa!
Joana nome de soldada e heroína francesa. Maria nome de mulher e mãe de Jesus de Nazaré. Assim combinou-se o nome escolhido pelos seus pais, quando ela nascia como a caçula de uma irmandade de oito filhos, de José e Carmelinda . Mineira de nascimento, sempre se mostrava engrandecida por seu torrão natal, Ericeira. Crescida sob o carinho de uma família muito especial, eis que era a marca natural o amor como elemento central da criação. Casada com Luiz, que não sendo rei de França, era o herói de sua família, com quem gerou uma descendência de dez filhos, enquanto sobreviveram nove deles, sendo a heroína e mãe de todos eles.
Seu lema: Amar a Deus sobre todas as coisas e aceitar tudo que Ele mandar. Assim viveu, um tempo, criando e educando seus filhos, como mestra, alfabetizou a todos, como católica, foi a catequista de cada um deles. Um dia, tendo um de seus filhos manifestado a vontade de seguir a carreira clerical, entregou-o à Congregação da Missão (Lazaristas) e à Irmãs de Caridade (Filhas de São Vicente), para a condução de sua vida, gesto com que renunciou ao convívio com o único filho homem naquela oportunidade, salientando-se que o outro nascido, já era falecido a esse tempo. Qual ímpeto de milagre, torna-se mãe de outro menino, que nasce após a entrega de seu outro filho para os caminhos da Igreja Católica, seu esteio religioso por toda a vida.
A luta pela sobrevivência e os cuidados na educação civil e religiosa foi o caminho por ela trilhado ao longo de todo o seu tempo terreno para formar seus filhos, que recebera como missão. Assim fazia segundo o seu lema, sem jamais reclamar dos difíceis tempos que enfrentara, sempre manifestando toda a sua fé. Ao tempo dos cuidados de sua família, cuidou de sua mãe, quando já viúva e em idade avançada, tratou-a em sua casa, induzindo a cada um de seus filhos aos cuidados da avó, assim fazendo até à despedida de Carmelinda, cuja fé e amor aos filhos talvez tenham sido o exemplo edificante, que lhe permitiu aprimorar-se no seu compromisso diário.
Ao ficar viúva, quando os filhos estavam desorientados com a perda do pai, ela tomou a dianteira e junto de todos trouxe mais um ensinamento de vida: “é difícil a dor da ausência, de agora em diante, de seu pai e meu marido, mas devemos agradecer a Deus ter-nos dado a felicidade tê-lo como pai e marido e a alegria e segurança de sua presença por tanto tempo, precisamos manter-nos unidos, como respeito a ele e a sua vontade”. Daí em diante a vida tomou o novo rumo necessário, sob a presença e liderança de Joana Maria, em marcante tempo de fé, esperança e amor.
Os tempos caminham e Joana Maria, como o semeador, vai criando os espaços, vai distribuindo as sementes, quando de repente todos se deparam com os longos dias de sua vida, ela completa um centenário de existência, já sob o peso dos anos, convivendo com as intempéries da saúde, com as dificuldades de limitações físicas, porém, parecendo sempre um espírito fortalecido, mantém sua viva memória, conversando, historiando os fatos, construindo pontes e asas, para que todos dela se aproximem, enquanto estes dizem a cada filho sobre a beleza da sua vida e de sua luz, eis que impressionando a todos, pela viva memória das histórias dos fatos e acontecimentos.
Assim, um fato passou a chamar a atenção de todos os filhos dela, cada um que dela se aproximava, quando já não tendo mais viva sua mãe, pediam a ela que se tornasse sua mãe, isto tanto da parte de sobrinhos, quanto da parte de amigos, que, estando órfãos maternos, a ela solicitavam o acolhimento e a adoção meramente amorosa, nisso ela assentia, para dedicar a atenção a cada um, que na separação pela orfandade materna, desejava o afeto dela, como meio de afastar a solidão assim vivida. Naturaliza-se assim o sentido humano, de corpo e espírito, a consagração do ensinamento: “Vós sois templos do Espírito Santo.” Era usual, pessoas encontrarem com os filhos de Joana Maria, apresentando-se como irmão, porque a tinham escolhido por mãe, para não permanecerem órfãos.
Assim, tem-se a conclusão de que Joana Maria efetivamente soube enfrentar a luta da vida, como corajosa guerreira, destacando-se sua vitória, ao marcar sua vida como expressão genuína da maternidade, ser mãe é sua homenagem a Maria. Aqui talvez tenhamos que pensar como Carlos Drummond de Andrade, mineiro como ela: “Mãe, na sua graça, é eternidade.”
Assim viveu Joana Maria por mais de 102 anos de vida.
JOANA MARIA
Seu lema: Amar a Deus sobre todas as coisas e aceitar tudo que Ele mandar. Assim viveu, um tempo, criando e educando seus filhos, como mestra, alfabetizou a todos, como católica, foi a catequista de cada um deles. Um dia, tendo um de seus filhos manifestado a vontade de seguir a carreira clerical, entregou-o à Congregação da Missão (Lazaristas) e à Irmãs de Caridade (Filhas de São Vicente), para a condução de sua vida, gesto com que renunciou ao convívio com o único filho homem naquela oportunidade, salientando-se que o outro nascido, já era falecido a esse tempo. Qual ímpeto de milagre, torna-se mãe de outro menino, que nasce após a entrega de seu outro filho para os caminhos da Igreja Católica, seu esteio religioso por toda a vida.
A luta pela sobrevivência e os cuidados na educação civil e religiosa foi o caminho por ela trilhado ao longo de todo o seu tempo terreno para formar seus filhos, que recebera como missão. Assim fazia segundo o seu lema, sem jamais reclamar dos difíceis tempos que enfrentara, sempre manifestando toda a sua fé. Ao tempo dos cuidados de sua família, cuidou de sua mãe, quando já viúva e em idade avançada, tratou-a em sua casa, induzindo a cada um de seus filhos aos cuidados da avó, assim fazendo até à despedida de Carmelinda, cuja fé e amor aos filhos talvez tenham sido o exemplo edificante, que lhe permitiu aprimorar-se no seu compromisso diário.
Ao ficar viúva, quando os filhos estavam desorientados com a perda do pai, ela tomou a dianteira e junto de todos trouxe mais um ensinamento de vida: “é difícil a dor da ausência, de agora em diante, de seu pai e meu marido, mas devemos agradecer a Deus ter-nos dado a felicidade tê-lo como pai e marido e a alegria e segurança de sua presença por tanto tempo, precisamos manter-nos unidos, como respeito a ele e a sua vontade”. Daí em diante a vida tomou o novo rumo necessário, sob a presença e liderança de Joana Maria, em marcante tempo de fé, esperança e amor.
Os tempos caminham e Joana Maria, como o semeador, vai criando os espaços, vai distribuindo as sementes, quando de repente todos se deparam com os longos dias de sua vida, ela completa um centenário de existência, já sob o peso dos anos, convivendo com as intempéries da saúde, com as dificuldades de limitações físicas, porém, parecendo sempre um espírito fortalecido, mantém sua viva memória, conversando, historiando os fatos, construindo pontes e asas, para que todos dela se aproximem, enquanto estes dizem a cada filho sobre a beleza da sua vida e de sua luz, eis que impressionando a todos, pela viva memória das histórias dos fatos e acontecimentos.
Assim, um fato passou a chamar a atenção de todos os filhos dela, cada um que dela se aproximava, quando já não tendo mais viva sua mãe, pediam a ela que se tornasse sua mãe, isto tanto da parte de sobrinhos, quanto da parte de amigos, que, estando órfãos maternos, a ela solicitavam o acolhimento e a adoção meramente amorosa, nisso ela assentia, para dedicar a atenção a cada um, que na separação pela orfandade materna, desejava o afeto dela, como meio de afastar a solidão assim vivida. Naturaliza-se assim o sentido humano, de corpo e espírito, a consagração do ensinamento: “Vós sois templos do Espírito Santo.” Era usual, pessoas encontrarem com os filhos de Joana Maria, apresentando-se como irmão, porque a tinham escolhido por mãe, para não permanecerem órfãos.
Assim, tem-se a conclusão de que Joana Maria efetivamente soube enfrentar a luta da vida, como corajosa guerreira, destacando-se sua vitória, ao marcar sua vida como expressão genuína da maternidade, ser mãe é sua homenagem a Maria. Aqui talvez tenhamos que pensar como Carlos Drummond de Andrade, mineiro como ela: “Mãe, na sua graça, é eternidade.”
Assim viveu Joana Maria por mais de 102 anos de vida.
Luiz Fernando Melo
Medoro, irmão menor-padre pecador
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