Parceria entre a Secretaria de Estado de Educação e o Senai capacita estudantes para o audiovisual
Após meses de trabalho e horas de gravação, alunos do Colégio Estadual República do Líbano, em Sapucaia, lançaram mais um curta metragem. Desta vez, o filme “Lágrimas Negras” contou o triste comércio de escravizados para o Brasil em uma sala de cinema lotada. A produção é uma das atividades da Formação Inicial e Continuada (FIC), uma parceria entre a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc-RJ) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
Com casa cheia, o Centro Cultural Magrácia, no município, recebeu a população para o espetáculo na noite da última terça-feira (26/11). O projeto foi realizado por professores e alunos que transformaram a peça teatral de mesmo nome no curta, por meio de incentivos da Lei Paulo Gustavo. A realização foi possível graças à parceria com outros órgãos, como a Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha do Brasil, que cedeu as áreas de gravação no Espaço Cultural da Marinha, na capital, do Governo do Estado, da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro e da Prefeitura Municipal de Sapucaia, que também cedeu espaços e apoiou a iniciativa.
O objetivo do curta é mostrar o processo penoso e doloroso que os escravizados tiveram até chegar ao país e como foi sua adaptação forçada ao trabalho escravo. Com isso, alunos e professores buscam conscientizar a população quanto ao combate ao racismo na sociedade.
Para o aluno Carlos Gomes, que viveu um escravizado mais inconformado com o cativeiro do que os demais não aceitando a condição imposta ao mesmo, o papel o fez pensar e o ajudou com a timidez.
“Eu sempre tive muita vergonha e fui muito tímido, mas essa já é minha terceira vez e foi uma experiência incrível, ainda mais por tratar de um tema tão importante pra mim que é a história dos meus antepassados, eu gosto muito desses assuntos”, afirmou o aluno do Ensino Médio.
Para a estudante Maria Gabriele Costa, também do Ensino Médio e que viveu uma escravizada em busca de sua mãe, a experiência deu a ela mais conhecimentos sobre a história de seus ancestrais.
“Nós estudamos o assunto e tentamos passar o que aconteceu. Vemos que nossa história vai além de dor e sofrimento, tem muito mais. Durante o filme nos sentimos representados e vivenciar aquilo e passar a história dos nossos antepassados é muito importante. Sentimos também que não vai acabar aqui, somos um povo unido e persistente”, afirmou a estudante.
A produção do roteiro foi pensada com base na história brasileira e todas as demais etapas, como filmagem, atuação, edição, maquiagem, figurino e pós-edição também foram feitas por eles, sob supervisão do professor do FIC/Senai e diretor do curta, Leandro Marcelino.
“Dirigir alunos com tanto talento é muito fácil. Eles são muito empenhados, a escola é muito parceira e tivemos bastante apoio. Eles conseguiram traduzir tudo que escrevi, que sonhei, que pensei. Foi maravilhoso poder apresentar hoje esse trabalho que fizemos com maestria e em tempo recorde”, disse o diretor do filme.
Produtora executiva do curta e diretora do C.E. República do Líbano, Patrícia Valdiero, contou que a escola trabalha a educação antirracista diariamente.
“A gente sempre dialoga e quando eles participam de um projeto como esse eles vivenciam o sofrimento de seus antepassados e os alunos brancos se sensibilizam quanto à importância de serem defensores da causa das pessoas pretas. A gente observa uma integração e um respeito maior entre eles”, declarou a gestora escolar.
Patrícia disse ainda que até mesmo os conflitos internos na escola diminuíram após o início do FIC, em 2020.
A parceria da Seeduc com o Senai chegou na escola no pós-pandemia, o que foi muito importante pra gente. O professor Leandro consegue envolver os jovens em algo que vai muito além dos cursos que ele ministra. Os adolescentes se sentem capazes e motivados, refletindo no aprendizado das disciplinas regulares. Por isso, agradecemos a Deus e acreditamos na educação — completou.
Parceria entre Estado e Senai
O C.E. República do Líbano já havia lançado no Magrácia outro filme aclamado pela população, intitulado “O Suspiro Final”, suspense que contava uma verdadeira aventura de alunos que tentavam desvendar um mistério sobre desaparecimentos que ocorriam na escola e que pode ser visto no canal da escola no Youtube (@republicadolibano), onde, em breve, também estará disponível Lágrimas Negras.
Imagem: Divulgação Seeduc
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