Relembrando Cecília Meireles

 


Cecília Meireles nasceu no dia sete de novembro de 1901, no Rio de Janeiro. Faleceu em nove de novembro de 1964. Seu interesse pela literatura aconteceu muito cedo. Na escola primária já “fazia versos”. Dos poetas e poetisas brasileiras, foi das mais amadas. Jornalista, cronista, ensaísta, professora. Estudou música no Conservatório Brasileiro de Música/RJ – seu interesse por canto e violino se manteve ao longo de sua vida.

Dias atrás ganhei da amiga muito querida, Maria Abília, o livro “Nunca mais... e Poema dos Poemas”, da inesquecível escritora. Já havia lido muitos outros livros “cecilianos”. Mas este, não conhecia. São quarenta e dois poemas, escritos e publicados em 1923. À essa época, Cecília contava apenas vinte e dois anos! Luciano Rosa, na apresentação da edição deste livro, publicado este ano de 2024 pela Global Editora, assim escreveu: “A produção inicial de Cecília Meireles: “Nos versos da juventude já estava semeada a poesia da maturidade: a busca do inatingível Eleito!”

Dentre os quarenta e dois poemas deste livro, qual escolher e publicar aqui no jornal – para lembrar e homenagear a nossa saudosa Cecília Meireles? Li e reli, do início ao fim, mais de uma vez, encantada com tamanha beleza e esperança. Num tempo difícil, de guerras em várias partes do mundo, tantos desastres ambientais, tamanha falta de respeito e amor para com a Natureza... Milhões de inocentes perdendo suas vidas antes de viver...

Cecília Meireles, criatura, esperançosa diante de Deus-Criador, nos anima, nos provoca a procurarmos, também nós, esse “país luminoso, sem dias e sem noites, sem ontens e sem amanhãs...”



Poema da Esperança

“ Lá, onde Tu moras

deve ser um país tão luminoso

que, de olhos extintos,

se possa ver...

Deve ser um país sem dias e sem noites...

Sem ontens e sem amanhãs...

País maravilhoso da Beleza perfeita,

em que só habitam

almas extraordinárias

de seres e de coisas...

Lá, onde Tu moras,

não há mais nada do que se sabe,

nem do que se é...

Lá, onde Tu moras,

dize que um dia me acolherás

como um Bem-Amado à sua Bem-Amada...

Dize que chegarei, um dia, ao Teu reino...

-Porque eu estou mortalmente enferma

da tristeza e da penumbra daqui...

Eleito, ó Eleito,

dize que me deixarás ficar

lá, onde Tu moras,

nesse país tão luminoso

que, de olhos extintos,

se pode ver...”

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