Pastoral Afro-brasileira, peregrina com fé e esperança antirracista

No próximo sábado, 09 de novembro de 2024 estaremos em Aparecida, SP. celebrando a 28 Romaria Nacional as Pastoral Afro-brasileira, presidida por Dom Zanoni Demettino Castro, Arcebispo de Feira de Santa, e bispo referencial da mesma, sob o tema “Pastoral Afro-brasileira, peregrina com fé e esperança antirracista”. Paróquias de nossa Diocese e de muitíssimas outras se farão presente. É importante celebrar a unidade dos cristãos católicos de raiz afro na busca de uma vivência mais profunda da fé e da fraternidade com inclusão da riqueza de seus símbolos.

A pastoral afro-brasileira nasceu da necessidade de dar uma organicidade as diferentes iniciativas dos negros católicos que marcam presença na vida e missão da Igreja. Também é fruto da consciência das necessidades que vão surgindo a partir do aprofundamento do compromisso com a caminhada das comunidades negras. A pastoral é compreendida como zelo apostólico para com o povo, sobretudo para com os povos pobres e os abandonados.

Assim, as diversas iniciativas dos negros católicos encontram na pastoral afro-brasileira um espaço de reflexão, articulação e diálogo voltados para a vivacidade e dinamicidade da ação evangelizadora da Igreja. A pastoral afro-brasileira integra a Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz e as demais Pastorais Sociais da CNBB e tem um Bispo como referencial. Existem outros grupos de ação que estão ligados à Pastoral Afro-brasileira.

Ouvimos o nosso querido irmão vizinho Pe. Guanair da Silva Santos, da Arquidiocese de Juiz de Fora e pároco de Chiador que durante anos foi Membro da Coordenação Nacional da PAB-Pastoral Afro-brasileira; Coordenador do setor Comunicação da PAB e Secretário do Instituto Mariama. E mais. É Mestre em Teologia com concentração em Liturgia; e atualmente cursando Hipinoterapia ericksoniana; Constelação Sistêmica Organizacional com Irmã Renata, da congregação Filhas de São Paulo e integrante da Pastoral Afro Brasil. Falou-nos do protagonismo dos afro-brasileiros na História da Igreja, em nosso país. A experiência está sendo maravilhosa e já tem gerado alguns avanços significativos:

- o nível de consciência do Ser pessoa e pessoa negra, assumindo as raízes étnicas e culturais;

- o desenvolvimento do senso crítico nos aspectos social, político, religioso e cultural;

- a solidariedade entre os grupos negros e não negros, intensificando o diálogo religioso no macro ecumenismo;

- a existência do GRT – Grupo de Reflexão Teológica;

- a instalação do secretariado de Pastoral afro-brasileira na CNBB com a ajuda significativa da CRB nacional; e

- a realização do CONENC – Congresso Nacional das Entidades Negras Católicas.

A realidade social nos desafia ao anúncio da Boa Notícia, nesta sociedade onde impera a violência, o desemprego, a fome, o analfabetismo, a perda da identidade, tendo como resultado a exclusão, a esperança ameaçada. As vítimas desta realidade difícil, em sua maioria são os negros. Acreditamos teimosamente na concretização do sonho de uma sociedade livre, sem escravos e nem senhores, para que se possa reconstruir o ‘Quilombo Páscoa’, onde todos são tratados com igualdade, onde todos participam. O Projeto da pastoral afro-brasileira é uma proposta de construção da cidadania plena para todos.

Enfim, compartilhamos as sínteses dos especialistas: Pe Ari Antônio dos Reis, Diocese de Passo Fundo, Assessor Nacional da PAB. E Pe Jurandir Azevedo de Araújo SDB: Membro do Secretariado de Pastoral afro-continental – SEPAFRO-CELAM:

1- Fomentar e fortalecer os grupos de base nas comunidades. O melhor caminho da evangelização é o compromisso missionário dos negros e negras que assumem seu compromisso de batizados.

2- Incentivar a solidariedade e o diálogo com as instâncias da sociedade civil que representam o povo negro e outros grupos solidários que lutam e se comprometem com a recuperação da dignidade dos afro-brasileiros. A luta pela cidadania é ainda um desafio presente.

3- Vivenciar a liturgia das comunidades com espírito cristão e evangelizador. A liturgia é sempre de louvor, oração e celebração da vida. A seriedade e sobriedade na preparação é compromisso de todos nós.

4- Assumir os desafios que a Conferência de Aparecida propõe para a Igreja especialmente o Projeto da Missão Continental. E

5- Incentivar as vocações sacerdotais e religiosas que acenam para uma perspectiva mais diversa de vida eclesial.

Medoro, irmão menor-padre pecador

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