O Hospital Nossa Senhora da Piedade, em Paraíba do Sul, suspendeu os atendimentos eletivos devido a atrasos nos repasses de recursos por parte da Prefeitura. Em nota divulgada nesta sexta-feira (18), a instituição afirmou que os valores em atraso pela gestão de Dayse Onofre, que não foram divulgados, inviabilizam o funcionamento pleno do hospital e podem afetar diretamente a população que depende dos serviços.
A direção do hospital já havia enviado um ofício à Secretaria de Saúde no dia 11 de outubro, solicitando o pagamento dos recursos atrasados. Segundo o comunicado, até o momento, não houve resposta. "A falta de pagamento pode impactar diretamente na falta de atendimento à população", alertou o hospital, que agora está priorizando apenas os atendimentos de urgência.
Eletivo é o termo usado para designar procedimentos médicos não considerados de urgência ou emergência e que são, geralmente, programados. No caso do HNSP, a falta desses pagamentos resultará na redução, iniciada nesta semana, de alguns serviços eletivos e também nos que envolvem medicações de alto custo.
A instituição também destacou que, além dos pagamentos de pessoal, há custos fixos relacionados a serviços essenciais, como farmácia, laboratório de análises clínicas, lavanderia e cozinha, que dependem dos repasses regulares da Prefeitura para continuar operando. "Reiteramos que nosso propósito é continuar prestando serviço à população, e não mediremos esforços para cumprir nossa missão", disse o hospital na nota.
O Entre-Rios Jornal tentou contato com a Prefeitura de Paraíba do Sul por meio da Secretaria de Comunicação, mas, até o momento, não obteve retorno do secretário Leonardo de Lima Souza. A Secretaria de Saúde, sob a gestão de Jaqueline Martins, também não se pronunciou sobre os atrasos nos repasses até o momento.
Aumento da insatisfação
Dayse é esposa do ex-presidente do Detro, Rogério Onofre, e herdou o sobrenome político do marido, envolvido em escândalos de corrupção. Em 2017, Rogério foi preso na Operação Ponto Final, um desdobramento da Lava Jato que investigava o pagamento de propinas no setor de transportes. Na época, ele foi acusado de receber subornos para favorecer empresas de ônibus. Apenas quatro dias após a prisão de Rogério, a própria Dayse foi detida em Florianópolis, suspeita de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. A decisão judicial apontava que ela tentou movimentar U$ 1,8 milhão em um fundo no exterior, apenas dois dias depois da prisão de seu marido. O casal foi libertado pouco mais de um mês depois.
Mais recentemente, em 2023, o juiz federal Marcelo Bretas, responsável pela prisão de Dayse e Rogério, foi afastado de suas funções pelo Conselho Nacional de Justiça, sob a acusação de desvio de conduta, com base em uma denúncia feita pelo próprio Rogério Onofre.
Além disso, Dayse Onofre enfrentou problemas durante sua campanha eleitoral. Em 2020, ela teve o registro de candidatura indeferido pela Justiça Eleitoral devido a uma doação ilegal feita em 2016 à campanha de Alcino Carvalho, candidato apoiado pela família. A doação excedeu em duas vezes e meia o limite permitido, o que gerou questionamentos sobre a desproporção em relação ao seu poder econômico declarado à Receita Federal. Embora a defesa de Dayse não tenha contestado a irregularidade, o Tribunal Superior Eleitoral considerou a suspensão dos direitos políticos uma penalidade desproporcional, o que garantiu a sua candidatura sub judice.
Imagens: Reprodução
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