Igreja: sinfonia vocacional IV

Nessa última semana do Agosto Vocacional refletimos e celebramos a vocação, vida e missão dos leigos e das leigas na Igreja e na sociedade. Os leigos são os fiéis cristãos que sendo incorporados a Cristo pelo Batismo, constituídos como parte do Povo de Deus e feitos participantes do múnus sacerdotal profético e real de Cristo Jesus, exercem sua parte integrante na vida, missão e decisões de todo o Povo de Deus, na Igreja e no mundo.

Dentro da comunidade eclesial tem sua visibilidade nos múltiplos ministérios e serviços de animação das comunidades, nos conselhos pastorais, nas diversas pastorais, nos movimentos eclesiais, na catequese, na evangelização da juventude, na educação, na liturgia, nas associações religiosas, ... Na sociedade são fiéis que trabalham e atuam nas associações de moradores, nos sindicatos, na política, nos meios de comunicação social, na vida econômica, nas instituições da sociedade civil organizada, ... testemunhando o evangelho de Jesus e a palavra da Igreja.

O Concílio Vaticano II resgatou essa dupla dimensão ministerial de toda a Igreja, a partir da comunhão entre os ministérios ordenados (bispos, padres e diáconos) e os ministérios de todos os batizados dentro e fora da Igreja. E isso na fidelidade aos textos neo-testamentários e da Tradição da Igreja: os pastores e fiéis gozam de uma igualdade fundamental enraizada no Sacramento do Batismo que nos fez todos irmãos e irmãs. A identidade específica dos ministérios ordenados é que pelo Sacramento da Ordem são na Igreja local o sinal-presença de toda a Igreja, garantia da unidade de todos os fiéis com seus carismas específicos.

Daí a importância de se superar a dicotomia que, mesmo com os atuais documentos pastorais, persiste para muito: padres, bispos e diáconos participam da vida, missão e decisões da Igreja, enquanto os demais batizados somente na vida e missão. Entendemos aqui o caminho que o Papa Francisco está enfrentando para resgatar na Igreja, em todos os seus níveis, a sinodalidade. Numa Igreja Sinodal ninguém tem a última palavra, pois esta compete ao Espírito Santo que se manifesta no consenso de todos os filhos e filhas da Igreja. Enquanto isso não acontece, o diálogo permanece aberto.

Vemos, com verdadeira esperança, as dioceses valorizando as Assembleias Pastorais e os Conselhos Pastorais nos níveis das comunidades de base, das paróquias e das dioceses. E assim integram as pastorais específicas – dentro ou fora da igreja -, os movimentos eclesiais (Cursilho de Cristandade, Terço dos Homens, Mães que oram pelos filhos, Encontro de Casais com Cristo, Segue-me, Shalon, entre muitos outros) e as Associações Religiosas (Apostolado da Oração, Conferências Vicentinas, Legião de Maria, Liga Católica de Jesus, Maria e José, ...). Todos, decidindo juntos!

E isso sem deixar de valorizar, no mesmo nível intra eclesial, a militância dos cristãos nas Instituições da Sociedade Civil Organizada, Associações de Moradores, Sindicatos, Partidos Políticos, Clubes de Mães, ... Respeitada e valorizada a dinâmica interna e a autonomia dessas múltiplas iniciativas da sociedade civil, os leigos são preparados para um engajamento transformador consequente. E são acolhidos para um discernimento maduro. Exemplo disso, é o Movimento Fé e Política suprapartidário e macroecumenico.

Caminhamos na prática para uma linguagem comum. A Igreja não é constituída de duas classes: do clero que manda e dos leigos que obedecem. Mas Igreja sinodal em que todos ministros e servidores cultivam a comunhão eclesial na vida, missão e decisões da Igreja, à luz da opção preferencial pelos pobres, para a edificação do Reino de Deus, Reino de justiça, amor e paz! A Igreja é como uma sinfonia vocacional em que todos são como "notas musicais" importantes e indispensáveis.

Medoro, irmão menor-padre pecador

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