CEBs e lutas populares

As CEBs, Comunidades Eclesiais de base, não são pastorais nem movimentos eclesiais, mas um jeito de ser Igreja. Sim. Uma Igreja Sinodal em que todos os cristãos são chamados a participar da vida, missão e decisões de uma “Igreja em saída”, comprometida com a dignidade humana a partir dos pobres e com os pobres. Há uma articulação a nível nacional e pelos regionais da CNBB. Nessa perspectiva, para debater as possibilidades de transformação da sociedade, aconteceu no último final de semana, na Diocese de Guaxupé, na cidade de Passos, no sul de Minas Gerais, o 9º Encontro Mineiro das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).

Esse encontro intereclesial reuniu mais de 500 lideranças de pastorais sociais e movimentos populares das 28 dioceses do estado. O tema trabalhado foi “CEBs e lutas populares - caminhando juntos por terra, teto e pão”. Assim, a expressão da organização do referido encontro: “Queremos uma mudança em nossas vidas, mas, mudança que toque também o mundo inteiro, porque hoje a interdependência global requer respostas globais para os problemas locais. A globalização da esperança, que nasce dos povos e cresce entre os pobres, deve substituir esta globalização da exclusão e da indiferença”. Eis o documento final de 21 de julho de 2024:

CARTA COMPROMISSO do 9º Encontro Mineiro de CEBs

Irmãos e irmãs da caminhada, paz e bem!

Reunidos na cidade de Passos, Diocese de Guaxupé, de 18 a 21 de julho de 2024, as Comunidades Eclesiais de Base, com cerca de 500 lideranças (leigos/as, religiosos/as, padres e bispos), de todas as regiões das Minas Gerais, celebramos o 9º Encontro Mineiro das CEBs, mais do que nunca mais jovem. Animados pelas reflexões democráticas, em plenárias e oficinas, para o fortalecimento da cidadania, inspirados pela Palavra de Deus e com a experiência de irmãos e irmãs de caminhada, todos e todas a serviço de uma igreja em saída e sinodal, sempre “alegres na esperança, perseverantes na tribulação, constantes na oração” (Rm 12,12).

Inspirados pelo Evangelho e pelo Papa Francisco, por uma Igreja em saída e Sinodal, e por vida digna com Terra, Teto, Trabalho, Tecnologia para todos e todas, e na certeza de que Deus continua: “Derrubando do trono os poderosos e elevando os humildes.” (LC 1,52), reafirmamos o nosso compromisso batismal pela Sinodalidade, promovendo a transformação das estruturas para a comunhão eclesial; mantendo-nos resistentes e resilientes no caminho e nas lutas pela manutenção e uso coletivo dos bens universais; por uma reforma agrária popular, por uma economia solidária, pela manutenção dos direitos trabalhistas, pelo fortalecimento do CONSEA, vivendo a misericórdia e a corresponsabilidade, e defendendo os amplos direitos das mulheres, das juventudes e das minorias.

Reafirmamos também nosso compromisso no combate à fome, às desigualdades, ao racismo, às agressões aos povos originários, e apoio e investimento nas lideranças de resistências nos territórios, enfim, a todo tipo de injustiça e tirania provocados pela ganância do capitalismo neoliberal. Reafirmamos nossa luta pela suspensão da Lei 14701/2023, que sustenta um Marco Temporal que fere os Direitos Humanos dos Povos Originários e não respeita a Constituição Federal e as Convenções Internacionais.

Somos Comunidades eclesiais de base que se mobilizam de forma resiliente nas organizações, nas lutas e movimentos populares, por uma sociedade superando as desigualdades e preconceitos.

Desse modo, a partir da vivência nas oficinas temáticas, assumimos ações concretas de compromissos e lutas nas áreas dos Direitos Humanos, Combate à Fome, Comunicação não violenta, Mineração, Agroecologia e Ecologia Integral, Economia Solidária Francisco e Clara, Piedade Popular e Liturgia em função de uma espiritualidade popular, Ecumenismo e diálogo interreligioso, Mobilização Popular, Juventudes, Mulheres, Coleta Seletiva e Pacto Educativo. Fomos convidados a ser uma Igreja samaritana que se concretiza no amor e na escuta de todos aqueles que vivem nas periferias geográficas e existenciais. Queremos ser uma Igreja para todos e todas, encarnada, diaconal e profética: sacramento da força de Deus!

Medoro, irmão menor-padre pecador

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