Sem diálogo não há solução


As relações, quaisquer que sejam elas, necessitam de diálogo para promoverem compreensão, maior harmonia, uma maior cadência para conseguirem passar pelos "altos e baixos" existentes em todas as relações.

Na passagem do tempo, existem várias percepções. Sem o diálogo, não é possível mostrar ao outro a sua forma de ser, de conceber ou não determinada coisa. Sem o diálogo, tudo se embola, fica ainda mais difícil, até o que poderia ser mais fácil.

Porém as coisas não são tão simples e as pessoas não podem ser divididas em quem não sabe dialogar, e quem sabe dialogar. É muito mais complexo que isso.

Para haver a possibilidade real do diálogo, é preciso principalmente estar "disposto" a conversar e, para além disso, existir uma interação nesse diálogo.



Uma pessoa pode saber dialogar muito bem, compreender bem as necessidades de uma conversa franca e honesta, mas não estar disposta a conversar, não estar disposta a se colocar frente a frente com seu interlocutor, ainda mais quando a conversa poderá ser longa, difícil e que serão expostos pontos de suas vulnerabilidades, dos seus equívocos. O amor não predomina onde não existe disposição. O amor também não pode predominar quando falta a coragem deenfrentar os próprios desacertos e desvarios.



Para um diálogo honesto, é preciso a capacidade de se olhar de verdade, assim como olhar para o outro sem filtros. Isso faz parte do amor real.

Muitos escolhem construir o abismo, do que encontrar ao invés de encontrarem força, coragem e disposição para enfrentar seus próprios fantasmas para colocar luz no amor, para colocar a sustentação em uma força muito maior.

Por isso, muitos deixam de lado o amor real, mesmo não deixando de fato a relação, vivem como se pudessem ter uma relação sem disposição, sem diálogo, e tudo se desconecta, desconcerta, tudo se descontrola e se desgoverna.

Quando a disposição é colocada à frente,e o amor vivido com maturidade, os erros, acertos, desvarios, sentimentos mais nobres são verbalizados.

E mesmo quando houver uma conversa por conta de desacertos, é possível continuar admirando e enaltecendo os melhores pontos de cada um.

Não existe necessidade de "temer" o diálogo, seja ele qual for, não é preciso "temer" o outro.

Pois o que está em voga é algo maior, é o "querer" acertar, "querer" estar próximo de fato do outro, diminuir as distâncias, continuar dentro do abraço aconchegante e afetuoso do outro.

Quando se está disposto, é possível o diálogo, as pessoas confiam umas nas outras para se colocarem, confiam em assumir possíveis erros, confiam em pedir desculpas, confiam em falar sobre suas questões nebulosas sem se sentirem ameaçadas, porque existe intercessão do querer, do acolhimento em prol de uma relação real e de amor.



A vontade de estar junto, independentemente dos tropeços, a sinceridade do diálogo como facilitadora da aproximação: nesse contexto é possível se sentir à vontade para ser como é, buscando meios em ser melhor para construções maiores junto com o outro.

Não se trata de gostar ou não de falar determinada coisa, trata-se da compreensão que o diálogo diminui as distâncias postas pela falta dele.

Trata-se do respeito total ao outro, à condição do outro, do respeito imenso à construção da relação.

Respeitar a construção de uma relação não é só sentir amor e pronto, é respeitar profundamente as necessidades de uma relação.

É fundamental levar a sério essa questão do amor, pois o amor não acontece somente amando, o amor acontece com o esforço de melhorar a forma de se amar, melhorando a forma de se relacionar. Isso sim!

O amor não é um brinquedo, não é um fantoche.

O amor não é uma espécie de obrigação, não nasce pronto e acabado pelo sentimento em si.

O amor é exercício, e para todos os dias, é construção de várias coisas, não é só sentir e pronto.

O amor não é feito principalmente de acertos e de coisas lindas, os seres humanos erram constantemente, esse não é o maior problema nas relações, o maior problema é a falta de disposição para enfrentar seus erros, a falta de disposição para acertar, a total falta de disposição para dialogar.

O maior problema das relações é não querer olhar para o outro e dizer as coisas mais difíceis que precisam ser ditas; dessa forma, sem o diálogo sincero, o amor vai se esvaindo, a distância vai aumentando, e em algum momento ninguém se reconhece mais.

Onde não existe o diálogo, não haverá compreensão.

Onde não existe diálogo, o distanciamento impera.

O amor não sobrevive sem a construção do diálogo, sem a comunicação verdadeira e que gera a maior intimidade.

Sem a qual nenhuma intimidade existirá de fato.

Nenhuma proximidade poderá acontecer, de forma maior, sem a presença da maior intimidade do diálogo.

O amor não é para os opostos.

O amor é para os que estão dispostos.


Patricia Tavares.

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