Os pobres são pessoas, têm rosto, uma história, coração e alma - I

O Papa Francisco, em sua mensagem «Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tobias 4,7) para o 7° Dia Mundial dos Pobres, que será celebrado, em 19 de novembro próximo, divulgada no último dia 13 de junho, exorta a todos a não desviar o olhar de quem está em dificuldade, como as crianças que vivem em zonas de guerra, os que não conseguem sobreviver, os que são explorados no trabalho e os jovens prisioneiros de uma cultura que o faz sentir falidos.

“Deter-se no Livro de Tobias, eloquente e cheio de sabedoria, nos ajuda a penetrar melhor no conteúdo que o autor sagrado deseja transmitir", afirma o Papa. E para isso sugere cinco pontos para nossa reflexão que estaremos resumindo nesta e na próxima coluna.Inicia exortando-nos a sacudir de nós a indiferença. "Abre-se diante de nós uma cena de vida familiar: um pai, Tobit, despede-se do filho, Tobias, que está prestes a iniciar uma longa viagem. O velho Tobit teme não voltar a ver o filho e, por isso, deixa-lhe o seu «testamento espiritual». Foi deportado para Nínive e agora está cego; é,por conseguinte, duplamente pobre, mas sempre viveu com a certeza que o próprio nome exprime: «O Senhor foi o meu bem»."

"Tobit, no período da provação, descobre a própria pobreza, que o torna capaz de reconhecer os pobres. É fiel à Lei de Deus e observa os mandamentos, mas para ele isto não basta. A solicitude operosa para com os pobres torna-se-lhe possível, porque experimentou a pobreza na própria pele. Por isso, as palavras que dirige ao filho Tobias constituem a sua verdadeira herança:

«Nunca afastes de algum pobre o teu olhar». Enfim, quando nos deparamos com um pobre, não podemos virar o olhar para o lado oposto, porque impediríamos a nós mesmos de encontrar o rosto do Senhor Jesus. Notemos bem aquela expressão «de algum pobre», de todo o pobre. Cada um deles é nosso próximo. Não importa a cor da pele, a condição social, a proveniência. Se sou pobre, posso reconhecer de verdade quem é o irmão que precisa de mim. Somos chamados a ir ao encontro de todo o pobre e de todo o tipo de pobreza, sacudindo de nós mesmos a indiferença e a naturalidade com que defendemos um bem-estar ilusório", escreve Francisco.

Esse envolver-se pessoalmente com o pobre é a vocação de todo o cristão. Segundo o Papa, "vivemos um momento histórico que não favorece a atenção aos mais pobres. O volume sonoro do apelo ao bem-estar é cada vez mais alto, enquanto se põe o silenciador relativamente às vozes de quem vive na pobreza. Tende-se a ignorar tudo o que não se enquadre nos modelos de vida pensados sobretudo para as gerações mais jovens, que são as mais frágeis perante a mudança cultural em andamento. Coloca-se entre parênteses aquilo que é desagradável e causa sofrimento, enquanto se exaltam as qualidades físicas como se fossem a meta principal a alcançar".

De acordo com Francisco, "a realidade virtual sobrepõe-se à vida real, e acontece cada vez mais facilmente confundirem-se os dois mundos.

“Os pobres tornam-se imagens que até podem comover por alguns momentos, mas quando os encontramos em carne e osso pela estrada, sobrevêm o incômodo e a marginalização. A pressa, companheira diária da vida, impede de parar, socorrer e cuidar do outro.” A parábola do bom samaritano não é história do passado; desafia o presente de cada um de nós. Delegar a outros é fácil; oferecer dinheiro para que outros pratiquem a caridade é um gesto generoso; envolver-se pessoalmente é a vocação de todo o cristão". (Fonte: Vatican News)

Medoro, irmão menor-padre pecador

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