Em busca da excelência – Parte I

Raramente nos perguntamos quem somos e qual tem sido o nosso papel no mundo. Esse questionamento pode ser direcionado a nossa vida pessoal, profissional, social, para quem tem fé, espiritual, para quem acredita na energia universal, na vida energética que reside em cada um, que por sinal é uma jazida. Costumo dizer que: “somos semelhantes, mas peculiares”. Em cada indivíduo reside uma usina energética de valor imensurável que pode se tornar parte relevante do processo produtivo do mundo, ou, pode optar por ficar nas margens como resíduos, com potencial reciclável.

Certa vez disse que: “o segredo dos milagres consiste em contemplar os detalhes”. Mas, me pergunto, que estilo de vida estamos tendo? Que sementes estamos plantando? Em que terra estamos cultivando e de que modo? Quais métodos estamos utilizando? O que estamos colhendo? Como nos alimentamos no sentido mais amplo, e como desempenhamos?...

Sei que o que é a vida se mostra algo paradoxal, simples e complexo ao mesmo tempo. Mas pelo o que sabemos existem polos diferentes, diferentes extremidades, o açúcar e o sal, liberdades e certas grades mentais e situacionais. Talvez buscar compreender melhor os nossos propósitos e depósitos, internos e externos, contribuam para que possamos compreender melhor o que se é na vida, o que se almeja ser na existência,e o que é ser, “humano”... Sabemos que as escolhas produzem realidades refletidas, pois a vida é um labirinto de espelhos. Costumo falar que:“se não buscarmos sermos pessoas melhores, pessoas em busca de melhores índices de qualidade; que dificilmente nos tornaremos melhores versões em variadas esferas da vida, como, na vida pessoal, profissional e social. As diferentes esferas da vida estão conectadas e integradas por linhas tênues, linhas que precisam ser mais observadas e analisadas com profundidade, algo que exige nadar contra determinadas superficialidades. Em suma, quem não busca ter qualidade no modo de viver, acaba por deixar a desejar em muitos cenários. Pensamentos, emoções, ações e comportamentos são indicadores relevantes dos níveis de conhecimentos e de passos dados na caminhada em prol da sabedoria.

Tenho dito através dos artigos, produções audiovisuais e literárias (poemas, contos, crônicas e histórias), nas palestras, aulas, debates, workshops, treinamentos, demais apresentações públicas, e no dia a dia, que: “muitos de nós costumam sobreviver no modo automático ao invés de buscarem viver, se compreender, entender seus objetivos, propósitos, metas, razões, métodos, ações e consequências, compreender melhor o mundo ao redor, buscando decifrar ao máximo os códigos da existência”. “Isso nos remete ao estado de eternos aprendizes, lugar este que nos proporciona maior empatia, e que oferece a oportunidade de darmos passos relevantes nas pontes da humildade”. Sempre que possível, enfatizo a diferença entre o ver e o enxergar, dizendo que:“enxergar envolve buscar, ampliar a visão de mundo, aguçar as percepções”. Isso demanda tempo e energia, e a busca por equilíbrio através das raízes da sabedoria, algo que nos ajuda a lidar com o pragmatismo, que pode vendar nossos olhos para novos cenários, e com o metafísico, que pode se tornar uma ferramenta a findar no mesmo prisma. Em ambos os casos, a resposta pode ser encontrada através do método socrático, através das perguntas, dos melhores questionamentos, como, por exemplo: qual é a diferença entre o remédio e o veneno? Pode até parecer clichê dizer que a resposta está na dose, mas, a maior parte das pessoas não se atenta que a diferença entre o bom e o melhor se encontra nos detalhes, no capricho, nas sutis diferenças...

Tudo se mostra mais compreensível e atinge melhores níveis quando procuramos compreender por meio de análises, as ações e os resultados, que denominamos, consequências ou impactos. “Ressalto que, a meu ver, existem basicamente três tipos de estados de pessoas”.

No primeiro caso, temos as pessoas mais para menos. Essas são pessoas mais pessimistas e que tem pouca ou quase nenhuma perspectiva de progresso existencial significativo, são pessoas que costumam ser menos motivadas e comprometidas com melhorias, que tendem a apontar mais defeitos e culpados, do que procurar se aprimorar e proporcionar melhorias, quando não, chegam a criar atritos, procuram minar e prejudicar seus semelhantes, e situações, até mesmo, em muitas ocasiões, por suas inseguranças, ego e limitações em diversas áreas da vida. Na maior parte das vezes são pessoas estagnadas diante da vida, não são pessoas muito confiáveis para lidar e para confiar projetos.

No segundo caso, temos as pessoas mais ou menos. Me atrevo a dizer que boa parte das pessoas se encontram nesse estado existencial. São pessoas que quando perguntamos se está tudo bem, costumam dizer a verdade sobre o que percebem de si mesmas e do mundo, ou seja, que as coisas estão mais ou menos. São pessoas que vivem muito no modo automático, como as pessoas do primeiro estado, deixando a vida levar, porém, tendem a serem menos tóxicas do que as pessoas mais para menos. São menos tóxicas, mas, não acenderam de forma contundente e eficaz a chama intrínseca que motiva e engaja, ao ponto de despertarem a força imensurável que reside em cada um de nós.

Finalmente, temos o terceiro estágio de pessoas, as pessoas mais para mais. Não se compreendem como pessoas perfeitas, mas sim, perfectíveis, que podem melhorar a cada dia, a cada momento. São pessoas mais abertas a desafios e oportunidades, a fatores e opiniões extrínsecas. São indivíduos que possuem uma chama intrínseca capaz de motivar e engajar a si mesmas e as pessoas à sua volta, indivíduos mais atentos e comprometidos com os detalhes, com a gratidão, com os projetos em que se envolvem e com o desenvolvimento contínuo. Dão menos ouvidos às reclamações rotineiras, sem perder o bom senso e o senso crítico, costumam procurar perder menos tempo com atividades improdutivas e superficiais, terem mais ética e valores que proporcionam mais empatia, respeito, cordialidade, amor a si mesmas e aos seus semelhantes. Essas pessoas tem objetivos mais claros e transparentes traçados, métodos e comprometimento para alcançá-los, dando o melhor de si em cada oportunidade. Costumam gostar de desafios, serem melhores cidadãos, melhores filhos, pais, estudantes, profissionais, colegas de estudo, de trabalho, etc...

Vale lembrar que pessoas que se acham de forma demasiada, acabam perdendo muito. Perdem muito por se acharem, por se sentirem cheios demais para poder buscar crescer e contribuir para a existência de melhores e maiores legados. Quem se acha muito e perde tempo procurando não ser a melhor versão de si mesmo e para os outros, acaba se minando e contaminando muitos solos férteis, os deixando oxidados, ácidos... Pessoas que não buscam o melhor, se entregando as versões mais tóxicas, até voam, mas batem asas mais pesadas e contaminadas, voam, mas, voam de galho em galho, são mais rasas e não se abrem para aprimoramentos mais abrangentes e profundos, pois, fecham relevantes comportas de aprendizados. Vale lembrar que: “apenas o homem pode tornar-se o canibal de si mesmo”. Se viver é costurar um texto, costure bem a sua história. Até o próximo artigo!... Seja forte e corajoso. Não se apavore nem desanime.

Por Jhean Garcia
Imagem: Adrian / Pixabay

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