Entre o luto e as tristezas da Paixão de Jesus, não tem a Igreja clima propício para celebrar e festejar a instituição da Eucaristia na Quinta-feira Santa. Por isso a festividade foi adiada para a quinta-feira depois da Oitava de Pentecostes. Segundo consta no livro Manual do Cristão, de Leonardo Goffiné, a festa de Corpus Christi foi instituída por Urbano IV em 1264. E a procissão solene, por João XXII, em 1317.
Com esta solenidade pretende a Igreja, dentre outros objetivos: “Inspirar respeito e piedade, que trazem suavidade e consolo aos que a acompanham com atenção e fé; oferecer um desagravo ao Senhor sacramentado por tantas comunhões indignas; tantas missas assistidas sem devoção; tantas irreverências no lugar santo.”
A festa e a procissão alimentam nossa devoção, prendem nossa atenção. Durante o percurso da caminhada, nesse ato de piedade, nas singelas estações preparadas pelos devotos, rememoramos os passos do Salvador pelos diversos lugares da Terra Santa: Belém, Nazaré, Betânia, Tabor, Cenáculo e Monte das Oliveiras. Segundo Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida, em seu livro EUCARISTIA(pág.26): “ A procissão de Corpus Christi recorda o êxodo, a saída para a terra prometida, a marcha da liberdade, a peregrinação em direção ao próximo, a caminhada para amissão, a viagem definitiva para a Casa do Pai. A Igreja é o “caminho”(At 9,2). A Eucaristia nos faz Igreja pé na estrada, Igreja que vai ao povo. Jesus é o Companheiro em nossas estradas.”
Jamais nos cansemos de rogar e louvar a Jesus no Santíssimo Sacramento. Não O vemos, ali, com os olhos do corpo: nossa fé nos leva a senti-Lo presente em nosso coração – quando tudo em nós e à nossa volta se faz silêncio. Jesus, como está no céu, do mesmo modo está aqui, realmente presente no meio de nós. Com Seu corpo, Seu sangue, Sua alma, Sua divindade.
Jesus, ao partir o pão e oferecer aos seus discípulos, não disse: tomai e comei este pão! Proclamou, com todas as letras: “TOMAI E COMEI, ISTO É O MEU CORPO!” Pronunciadas estas palavras, toda substância do pão foi mudada, transubstanciada em Seu corpo. E o mesmo aconteceu com o vinho, ao ser levantado o cálice, na Ceia derradeira: “ISTO É O MEU SANGUE. TOMAI TODOS E BEBEI!”. Do pão e do vinho, restaram apenas as aparências. Durante a celebração Eucarística, sobre o que precede à Consagração, fala o sacerdote em seu próprio nome. Quando, porém, chega à Consagração, é o próprio Cristo quem fala, pela boca, pelas palavras do sacerdote celebrante.
Leonardo Goffiné, autor do Manual do Cristão, nos afirma que a procissão de Corpus Christi“é mais solene que todas as outras.” Porque através dela fazemos profissão pública da nossa fé na presença real e substancial de Cristo no Santíssimo Sacramento; manifestamos nossa adoração ao verdadeiro Filho de Deus, presente nas sagradas espécies. E damos-Lhe graças pelo incomparável benefício da instituição do sacramento – “fonte perene de novas e incessantes graças sobre o povo fiel que O aclama.”
Em bonita e singela poesia eucarística, canta a Igreja nesse dia: “Raia o dia solene, em que se invoca, perene, essa eterna instituição! Na ceia, o que Ele fizera, fazer-se, Cristo dissera, em Sua recordação! Sob espécies diferentes, por sinais tão patentes, se ocultam coisas do céu!”
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