Mensagem da CNBB ao povo brasileiro II

Damos continuidade à publicação da pertinente e relevante mensagem dos nossos bispos.

Às vésperas do dia 1º de maio, saudamos os trabalhadores e as trabalhadoras de nosso País, com as palavras do Papa Francisco:

“O mundo do trabalho é prioridade humana, é prioridade cristã, a partir de Jesus trabalhador. Onde há um trabalhador, ali há o olhar do amor do Senhor e da Igreja. Lugares de trabalho são lugares do povo de Deus” (Encontro com Trabalhadores em Gênova, Itália, 2017).

Diante das mudanças do mundo do trabalho, percebemos que promessas de crescimento econômico, geração de empregos, melhores condições de trabalho, aumento de renda, redução da carga horária, mais tempo de descanso e convivência social, enfim, condições mais saudáveis de vida, continuam sendo desafios sem soluções.

A crescente informalidade das relações trabalhistas reduz a segurança social e impede o acesso ao mínimo para a sobrevivência.

O trabalho análogo à escravidão, presente em todo o território nacional, é uma chaga social que precisa ser energicamente combatida pelos poderes constituídos e por toda a sociedade.

As constatações desses tempos difíceis não podem nos limitar, nem servir para que as soluções sejam adiadas.

As estruturas do Estado, os poderes da República, as autoridades públicas, as lideranças sociais, as organizações religiosas, os meios de comunicação, as plataformas e as redes sociais, cada um e cada uma, com sua competência, devem apoiar-se reciprocamente para o bem do País.

Precisamos criar um “espaço de corresponsabilidade capaz de iniciar e gerar novos processos e transformações. Sejamos parte ativa na reabilitação e apoio das sociedades feridas” (Fratelli Tutti, 77).

Assumindo nosso dever social, não podemos deixar de cobrar dos governos, legitimamente eleitos, o protagonismo que lhes foi confiado, uma opção clara e radical pela vida, desde a concepção até à morte natural, passando inevitavelmente pelos direitos sociais e humanos.

Chamamos a atenção para a importância da vacinação, especialmente para das crianças. No cuidado com a vida, nenhuma seletividade pode ser tolerada e será sempre, por nós, denunciada.

Conclamamos toda a sociedade brasileira a construir um amplo projeto de reconciliação e pacificação, a partir de um diálogo franco e aberto, que possibilite superar o que nos afasta, com o objetivo de assegurar o que nos une: o país, o seu povo e a criação.

O ponto de partida dessa construção se dá nas famílias, comunidades, relações sociais, profissionais, eclesiais e políticas, através da amizade social que promove a cultura do encontro.

Como comunidade de fé, cremos que sua concretização passa necessariamente pelas nossas orações. Rezemos, pois, como nos pede o Papa Francisco, pelo fim das guerras, dos conflitos e das violências.

Somos “caminhantes da mesma carne humana, como filhos desta mesma terra que nos alberga a todos, cada qual com a riqueza da sua fé ou das suas convicções, cada qual com a própria voz” (Fratelli Tutti, 8). Reafirmamos nossa profunda confiança no povo brasileiro.

Não tenhamos medo. A esperança é a nossa coragem! Sejamos semeadores de mudança, de solidariedade e de vida.

Pelo amor do Cristo vivo e ressuscitado, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, invocamos a bênção de Deus sobre o povo brasileiro, suas famílias e comunidades.

Medoro, irmão menor-padre pecador

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