Conferencias Vicentinas

A Conferência é a célula base da Sociedade de São Vicente de Paulo, criada por Frederico Ozanam e alguns amigos seus, estudantes da Sorbonne em Paris. Eles participavam de debates abertos nas denominadas Conferências de História patrocinadas por Emmanuel Bailly.

Foi ante a interpelação de um discípulo do pensador Saint Simon, reprovando os jovens católicos porque sua fé estaria mais nos livros que nas obras, que Ozanam e Le Taillandier decidem: “Vamos aos pobres!”. Para isso, criaram um grupo ao qual, respeitando o nome do local onde se haviam conhecido, denominaram “Conferência de Caridade”.

Bailly, então editor de “A Tribuna Católica”, é quem oferece a sede do jornal para suas reuniões e, como pessoa de mais idade, aceita dirigir o novo grupo.

A primeira Conferência nasce em 23 de abril de 1833. Em pouco tempo, já em 1834, e a pedido de Bailly, uma Filha da Caridade, Irmã Rosalía Rendú, foi quem guiou o jovem Federico Ozanam e a seus companheiros no serviço a Cristo nos pobres residentes do Bairro Mouffetard, sob a proteção de São Vicente de Paulo e da Santíssima Virgem Imaculada.

Em 1835 foi editado o primeiro Regulamento e em 1839 foi instituído o Conselho Geral Internacional. Hoje as Conferências de todo o mundo recolhem o testemunho desse primeiro grupo e se unem em grupos de fé que opera pela caridade.

Essas comunidades com seus laços de fraternidade unem seus membros e se estendem em caridade aos mais necessitados.

As Conferências têm como identidade serem comunidades de oração e ação, de fé e amor. São elas que agrupam os membros da Sociedade, chamados sócios ou confrades vicentinos, que se reúnem regularmente e com frequência.

É essencial que exista um vínculo espiritual e de fraternidade entre os confrades que buscam a santificação pessoal e que desenvolvem juntos uma missão comum, que é seguir a Cristo através do serviço em esperança aos mais pobres e marginalizados, enfermos e pessoas solitárias, ajudando-os espiritual, moral, social e economicamente. O sinal de identidade desta ajuda é a vocação do contato pessoal com Cristo, nos pobres.

O vicentino do século XXI já não é só aquele que entrega cestas básicas de alimentos, mas devem deixar “uma palavra amiga” ou combater a solidão de quem vive sozinho. Renato Lima Oliveira, brasileiro e presidente internacional das Conferências Vicentinas, desde 2016, diz que estas são “o braço direito da Igreja Católica” para a caridade e evangelização, “junto das pessoas mais carenciadas”, com bens materiais e com a Palavra de Deus. Ele afirma: “Procuramos trazer de volta pessoas que já não recebiam os Sacramentos, procurando reinseri-los na Igreja”.

Renato Vicentino, como é conhecido, evoca a dinâmica fundacional quando os sete fundadores da SSVP criaram um conselho geral internacional, cujo papel é “manter a entidade unida”, seguindo princípios e valores que orientam a missão de 800 mil católicos, em mais de 150 países dos cinco continentes:

“Pode mudar a língua, os hábitos, a cultura, o país e os governos podem ser diferentes, mas o vicentino é igual em todo o mundo”, embora adaptados a cada realidade, procurando unir esforços e donativos “em favor dos mais necessitados”.

“A caridade não tem fronteiras”, assinala o responsável brasileiro, num trabalho que não é de “autopromoção” e que acontece em contextos difíceis, como a Índia ou o Sri Lanka.

O Brasil é apresentado como “uma potência vicentina”, onde o trabalho principal continua a ser a segurança alimentar, além da atenção a “outras pobrezas” e dramas humanos.

A nível global, entre as prioridades, está a aposta na juventude e na formação, além da expansão para as nações onde não existe ainda presença. Um destaque para a presença no ambiente acadêmico, “voltando às origens”, ao século XIX, como falamos acima.

Aqui em Três Rios temos, nas quatro paróquias a presença de Conferencia Vicentinas, que no último domingo, 16 de abril, celebraram a Missa de posse da nova diretoria do Conselho Vicentino São José, tendo como presidente o Confrade Alexandre Magno Pereira, que substituiu o Confrade Ademar Campos Mascarenhas. Parabenizamos a ambos pela pertinência e relevância da missão social, como a todos os demais vicentinos.

Medoro, irmão menor-padre pecador

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