“Não deram a ela o direito de continuar lutando para sobreviver”, diz avó
Hospital das Clínicas Nossa Senhora da Conceição. Foto: Divulgação/Redes Sociais
De acordo com a avó, elas tiveram que esperar cerca de 3 dias até que a vaga e a condução fossem disponibilizadas.
Sophia Vitória nasceu às 23h25 da última quinta-feira (2), com 5 meses e meio e pesando 480 gramas. Por ser prematura, ela precisava de um leito de UTI neonatal, estrutura que o hospital não tem, razão pela qual foi solicitada a transferência ainda no momento da internação, antes da mãe, uma adolescente de 15 anos, dar à luz. Entretanto, não havia vagas disponíveis naquele momento.
A avó afirma ainda que houve uma má comunicação do hospital. Ela exaltou o empenho da equipe médica e da Secretaria de Assistência Social, mas ressaltou que a unidade de saúde não dava atualizações sobre a real situação do transporte até uma UTI mesmo após o nascimento da neta.
Em nota, a Prefeitura de Três Rios sustenta que o hospital inseriu a então gestante no Sistema Estadual de Regulação para transferência até uma unidade de saúde de gestação de alto risco (até 6 meses) e que realizou um novo pedido após o parto.
“Estamos em busca de respostas e justiça. Sempre que eu perguntava pela transferência diziam que estavam tentando arrumar a vaga. Minha filha precisava ser transferida antes do parto. Apesar de prematura, Sophia nasceu com vida. Chorou ao nascer.E cada segundo era muito valioso para ela e para nós. ”
A avó afirma ainda que houve uma má comunicação do hospital. Ela exaltou o empenho da equipe médica e da Secretaria de Assistência Social, mas ressaltou que a unidade de saúde não dava atualizações sobre a real situação do transporte até uma UTI mesmo após o nascimento da neta.
“Eu tinha que ficar procurando as pessoas para conseguir informação. Sempre que eu perguntava às enfermeiras, elas falavam que era com a administração e que na hora que estivesse tudo certo iriam me procurar. O que sei dizer com toda a certeza é que minha neta nasceu viva. Lutou pela vida dela. Mas não deram a ela o direito de continuar lutando para sobreviver. ”
Em nota, a Prefeitura de Três Rios sustenta que o hospital inseriu a então gestante no Sistema Estadual de Regulação para transferência até uma unidade de saúde de gestação de alto risco (até 6 meses) e que realizou um novo pedido após o parto.
Além disso, disse que a responsabilidade da vaga e transporte de UTI é do Governo do Estado e que, mesmo com a gestante sendo moradora de Paraíba do Sul, município vizinho, a Secretaria de Saúde não mediu esforços. (Confira a íntegra ao fim da reportagem)
Assim que a vaga foi liberada, na sexta-feira (3), foi solicitado o transporte ao Corpo de Bombeiros do Estado.
Assim que a vaga foi liberada, na sexta-feira (3), foi solicitado o transporte ao Corpo de Bombeiros do Estado.
E outro processo burocrático começou. No mesmo dia, por problemas técnicos na aeronave, o transporte não pôde ser realizado. Sophia Vitória faleceu no mesmo dia.
Novamente, a prefeitura de Três Rios justificou que, “quando a ambulância de Paraíba do Sul, município responsável pela paciente, chegou, na sexta-feira, a bebê já havia ido a óbito”. A família contesta a informação, e diz que a cidade sul-paraibana só foi comunicada da situação no mesmo dia, quando o quadro clínico de Sophia Vitória começou a apresentar oscilações.
O Entre-Rios Jornal entrou em contato com todas as partes citadas na reportagem solicitando esclarecimentos a respeito do caso.
Novamente, a prefeitura de Três Rios justificou que, “quando a ambulância de Paraíba do Sul, município responsável pela paciente, chegou, na sexta-feira, a bebê já havia ido a óbito”. A família contesta a informação, e diz que a cidade sul-paraibana só foi comunicada da situação no mesmo dia, quando o quadro clínico de Sophia Vitória começou a apresentar oscilações.
O Entre-Rios Jornal entrou em contato com todas as partes citadas na reportagem solicitando esclarecimentos a respeito do caso.
A Secretaria Estadual de Saúde não havia enviado uma resposta até esta quinta-feira (9). Já o Hospital das Clínicas Nossa Senhora da Conceição informou que não iria se pronunciar sobre o ocorrido.
Atualização
Até a publicação desta reportagem, veiculada nesta quinta-feira (9), a Secretaria Municipal de Saúde de Paraíba do Sul também não havia se pronunciado. No entanto, nesta tarde, às 16h34, o órgão enviou um comunicado ao Entre-Rios Jornal a respeito do caso.
No texto, a Secretaria diz que, “ao ser comunicada da negativa do Corpo de Bombeiros, pelo Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição, sobre impossibilidade da transferência da recém-nascida Sophia Vitória, efetuou de imediato a autorização da Ambulância UTI para realizar essa transferência, chegando no Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição no horário solicitado.”
No entanto, ainda segundo a nota, a Secretaria foi informada pelo hospital que a transferência da recém-nascida só poderia ser realizada após as 20h, pois havia sido administrada uma medicação e teria de esperar o tempo hábil. Assim que a equipe chegou foi informada de que a recém-nascida estava em parada cardiorrespiratória, vindo a falecer minutos depois.
Outros casos
No ano passado, uma reportagem da TV Rio Sul trouxe à tona outros dois casos de bebês que também morreram nas dependências do Hospital das Clínicas Nossa Senhora da Conceição. Diferentemente do caso de Sophia Vitória, nessas denúncias as mães acusam o hospital de violência obstétrica.Uma delas perdeu o bebê com 38 semanas de gestação e a outra perdeu o recém-nascido 9 horas depois do parto. Em ambos os casos, as certidões de óbito apontaram como 'indeterminadas' as causas das mortes. As mães registraram boletim de ocorrência na delegacia de Três Rios.
Essas e outras denúncias chegaram ao Grupo de Trabalho de Prevenção e Combate à Violência Obstétrica da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e um requerimento foi realizado junto ao Ministério Público Estadual solicitando a apuração dos fatos. Os casos seguem sendo investigados.
Na época, o hospital informou que, após uma criteriosa avaliação técnica, não houve qualquer indício de violência obstétrica, omissão ou falha médica.
Nota da Prefeitura de Três Rios
Imagem: Reproduçãofull-width
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