O Bloco das Piranhas - parte 2

Desde que Moisés, o zagueiro Xerife, com a cumplicidade dos seus companheiros do Vasco, Alcir, Brito, Alfinete e Joel Santana saíram, num sábado de Carnaval, vestidos de mulher, que o Bloco das Piranhas entrou na vida dos boleiros.

Se os zagueiros machões, que batiam em todo mundo, podiam botar um saia, porque os laterais, meias e atacantes não poderiam usar uma minissaia?

Sabe sobre aqueles trabalhadores que dormiam cedo, treinavam muito e no lugar de estarem na boate ficavam concentrados no final de semana? A forra dos jogadores de futebol vinha no Carnaval, no Bloco das Piranhas, afinal, quem ousaria marcar uma partida no sábado?

E foi justo num sábado de Carnaval, no ano de 1975, que nosso presidente, Francisco Horta, resolveu marcar um jogo no horário de sua saída.

E logo no Maracanã, contra o Corinthians, para apresentar Roberto Rivelino. Um tricampeão mundial que a Fiel não queria que vestisse mais sua fantasia.

Em princípio, contrariadas, piranhas das Laranjeiras, entre elas eu, Cleber, Abel Braga, Rubens Galaxe, Edinho e Pintinho, que desfilavam por gramados da Ressacada, do Brinco de Ouro da Princesa, concentravam no Hotel Paineiras e excursionavam em voos rasteiros, acabamos assistindo o desfile dos sonhos sonhados.

Com o enredo "O príncipe das Laranjeiras!", Roberto Rivelino foi apresentado à torcida e meteu três gols na goleada de 4x1 sobre o Timão.

A seguir, veio a Comissão de Frente exibindo os troféus que seriam levantados pelo clube: Taça Guanabara, Campeonato Carioca, Torneio de Paris...

A partir daquele inesquecível sábado à tarde, no Maracanã, todos do elenco foram valorizados e cobiçados por clubes do país e da Europa.

Perdemos um desfile, mas nenhum componente da nova geração tricolor, que deixou de vestir uma saia para permanecer de chuteiras, lamentou o dia em que Roberto Rivelino transformou piranhas comedoras de sardinhas em bacalhaus da Noruega.

E ganhamos nota 10 no quesito "Evolução da carreira" e "Harmonia nas Laranjeiras" por ter o orgulho de ter feito parte do desfile de um dos maiores enredos da sua história, "A Máquina Tricolor 1, a Original!"

Por José Roberto Padilha

Comentar

أحدث أقدم