"Decifra-me ou devoro-te"

O seu coração é onde estão as suas maiores preciosidades; no tempo finito da vida, tudo passa, vemos através de vários tempos o passar de tudo...

Por isso, nutra tudo aquilo que, de alguma forma, possa preencher o seu "ser", o seu coração.

Por aqui, não sobra nada e, por mais tempo que se possa desfrutar da vida, tudo passa, todos nós estamos aqui de passagem.

Perdemos o tempo precioso com o descuido dos afetos, com o preenchimento de várias coisas superficiais... desenfreados diante dessa vida tão fugidia, nos apegamos a telas, a vários assuntos, a nada - e a tudo - que ocupe espaço e passe o tempo, e não preenche, de fato, o coração.

Nesse frenético consumo do tempo, trocamos atenção verdadeira, olhar atento para pessoas importantes, por coisas, por máquinas, por vazios... por tão pouco, ou quase nada...

Quando é possível se dar conta de tantas divagações e trocas absurdas, a vida passou, tudo mudou... perdemos fatos, situações, oportunidades... todo panorama mudou.

Sabemos que nada é para sempre, mas na medida em que vamos vivendo, sendo consumidos pelo tempo, pelas exigências e por tantas coisas que damos tanta atenção, mas que não possuem importância alguma, é como se a finitude não existisse...

Olhe para si mesmo, busque se acertar consigo mesmo, queira se conhecer mais e parar com esse automatismo, pare de deixar que a multidão o engula.

Pare de desviar a sua atenção ao que realmente possui importância, pare de "tapar o sol com a peneira".

A sociedade não produz tantas coisas ilusórias à toa, tantas ideias vazias à toa, tudo é feito para que haja um padrão de vida completamente antagônico à vida real, e que se gaste muito tentando ser alguém, tentando mostrar para todos que o valor maior é de quem tem...

Com cada vez mais a "Inteligência Artificial" está evoluindo. À medida que evolui, acontecem coisas extraordinárias fora de nós, ninguém precisa mais buscar autoconhecimento, valor real; pode-se viver distraído, consumido; mesmo que isso seja ruim, ameaçador para a saúde emocional, mental, física, não importa; o tempo passa, todo mundo faz igual, mesmo que todos estejam mais doentes do que saudáveis nessa forma de viver, cada vez menos preenchidos, porém com mais acúmulos de coisas. Existe uma regra social em que ninguém precisa se preocupar consigo mesmo ou com os outros, e tudo passa acelerado, sem que seja preciso pensar no valor real da vida, dos outros, ou do seu próprio valor...

E já passou mais um dia, um ano, o tempo, a vida...

Não é preciso se dar conta de nada, só automatizar, acelerar, não parar...

Existe o vazio constante por esse tipo de modelo social, de vida, mas quem quer saber?

É só ir vivendo, gastando o tempo... quando se vê já não precisa mais pensar, o tempo gastou o que você tinha para viver, a correria matou toda vida que você tinha para viver..., mas quem quer saber?

Não confunda o que é melhor com “o que todo mundo faz”, com os apelos diários que a mídia faz para que você viva de acordo com um modelo de vida incrível, e que não combina com saúde, felicidade verdadeira, atenção às suas reais necessidades, e a tudo que importa de fato, e sim a um modelo de vida completamente destruidor, danoso, consumista e sem nenhum sentido às necessidades reais que realmente nutrem o seu "ser", o seu coração...

A sua estada aqui nesse planeta tem prazo de validade... Como vive a sua vida? Como desfruta o seu tempo?

A forma como resolve estar no processo de vida faz toda a diferença para perceber se está passando seu tempo, gastando as oportunidades que lhe são oferecidas todos os dias, ou se está desfrutando o melhor de si mesmo, de todos e desse processo único.

É possível cuidar de si mesmo com mais atenção e afeto, é possível olhar mais para o seu amor, para o seu amigo, para o seu pai, para o seu filho, para a sua mãe, do que para as telas dos smartphones.

É possível importar-se mais com você e construir coisas verdadeiras e profundas, do que um novo aplicativo de celular, ou uma nova compra...

"Decifra-me ou te devoro".

Quando existe interesse de saber mais sobre quem é você e o que, de fato, o preenche e traz felicidade, amor, paz... existe uma maior concentração em si mesmo e um desfocar nos apelos insistentes de todos, dos desvarios da multidão...

Quando a pessoa começa a perceber mais o interior e as suas reais necessidades, começa a seguir um caminho diferenciado, por vezes solitário...

A pessoa que começa nesse percurso, abandona a necessidade de ser como todo mundo é, de querer algo porque todo mundo tem, de desejar algo porque está na moda, de imitar uma forma de ser de todos.

Quando existe a busca de si mesmo, a forma se torna individualizada, a pessoa precisa, sim, estar no mundo e viver em sociedade de uma forma harmônica, mas já identifica não precisar mais se render aos apelos irreais, fantasiosos, desconstrutivos, irracionais, nocivos das massas, e não irá titubear em não aceitar fazer coisas que não combinem com a sua essência, com suas verdadeiras necessidades, e quanto mais vai se conhecendo, mais vai gostando de ser quem é, menos sente necessidade de agradar, ou de se desagradar somente para pertencer ou não destoar.

Olhe para a vida, compreendendo o seu sentido; olhe para as pessoas e compreenda a oportunidade única das trocas mais profundas e que tenham sentido; preste atenção, desligue-se de tudo e concentre-se no que tenha valor, naquilo que seja precioso para o seu coração.

A vida e o tempo são extremamente preciosos e, por aqui, nesse planeta, ninguém permanece para sempre. Seja grato, dê mais valor a você, ao tempo e a sua vida.

A gratidão nos torna abundantes e ao mesmo tempo vemos na íntegra o verdadeiro sentido do tempo e da vida.

É possível ver além de todos os limites e imposições. É possível ver o verdadeiro valor dos outros, da vida e do tempo, o seu verdadeiro valor.

Por Patricia Tavares

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