Uma classe ingrata e desunida





Posso falar porque foi minha profissão. E não joguei dois dias, foram 17 anos, desde os juvenis do Fluminense FC (1968), até o Bonsucesso FC (1985) : não existe uma classe tão desunida quanto jogador de futebol.

Faltava um grande exemplo, agora não falta mais. Para o jogo das estrelas, que tinha visibilidade e o tapete do templo do futebol carregado de gente, todos compareceram ao Maracanã. Era uma festa.

Alguns dias depois, no velório do cidadão que abriu as portas do mundo para todos nós, atletas profissionais, estrelas ou satélites, apenas o Zé Roberto, Clodoaldo e o Mauro Silva estiveram presentes ao lado dos seus antigos companheiros de clube. Não era uma festa. Era o velório do nosso Rei do Futebol. Era uma questão de gratidão e respeito.

O presidente da Fifa foi. O presidente do país também compareceu. Tite, o Felipão, o Parreira, Ronaldos, o Senador Romário, Rivaldo e nenhum outro consagrado jogador brasileiro teve a dignidade de se dirigir até Santos.

E dizer: "Benção, meu Rei!". Obrigado por ter existido.

Só sabem cuidar de si, de buscar brilho individual em um esporte coletivo. Quando Tite lançou o Fred, contra a Croácia, com poucos minutos para nos classificar, era para ele esvaziar a bola.

Aí ele lembrou que heróis são aqueles que marcam gols. Coadjuvantes são todos. Richalyson virou mania, Casemiro quase uma estátua. E se lançou ao ataque. Quem sabe? E no contra-ataque...

Obrigado Mauro Silva, Zé Roberto, Clodoaldo. Por nos representarem, levar um grande abraço de despedida a quem nos proporcionou tantas alegrias. Porque não, a nossa razão de existir e ser respeitados pelo mundo.

Agora fala se o velório dá direito de imagem, tem bebida liberada, Sala Vip, Picanha com ouro, show com a Anitta e desfile de Bruna Marquezine...

Por José Roberto Padilha

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