O difícil retorno às casernas

As Forças Armadas, todos sabem, foram criadas para defender o país das ameaças externas ao seu território e à sua soberania. Ela é instituída junto à conquista da independência, e foi logo mostrando serviço tanto na Guerra da Cisplatina, quanto na Guerra do Paraguai.

Desde então, excetuando uma modesta participação na II Grande Guerra, só atuaram internamente aproveitando a fragilidade da nossa democracia.

Tal fragilidade política permitiu que deixassem suas casernas e apoiassem golpes de estado. E foram além, assumiram o poder civil durante vinte anos a pretexto de nos defender contra o comunismo.

Com muita luta e o dobro de vítimas, através da luta pela Anistia, pelas Diretas Já, recuperamos as rédeas do poder e os devolvemos para o papel a que foram instituídos.

Aí veio um capitão reformado que, inseguro diante do frágil papel que poderia oferecer à sociedade civil, nomeia mais de 200 militares para ocupar cargos no governo. Um deles, Pazuello, até como Secretário de Saúde. Seria como escalar na seleção brasileira de futebol atletas da seleção militar de futebol.

Um caos. Não foram treinados para isso. Até vencem a seleção da Aman, mas muitos perderiam a vida de goleada em campos e leitos por falta da vacina.

Agora, reconduzidos ao local da qual nunca deveriam ter deixado, seus quartéis, alguns não tiveram discernimento para escovar os dentes. E estão com as benesses do poder incorporada às gengivas.

Como livrarias foram fechadas, e vedaram o acesso cultural a muitos brasileiros, e abriram centenas de clubes de tiro, e armaram brasileiros que se tornaram baderneiros e terroristas, tem sido difícil recolocar a República Federativa do Brasil em seu devido lugar.

Devolver os militares ao local que jamais deveriam ter saído.

Armar o cidadão é fácil, desarmar os soldados é que é uma tarefa difícil.

Por José Roberto Padilha

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