Cores e símbolos dão força às agremiações trirrienses e criam uma identidade forte entre suas torcidas



As simbologias e as cores no carnaval têm um significado muito importante para as escolas de samba e blocos carnavalescos espalhados por todo o país.

Ao se falar em águia, a conexão com o azul e branco da escola de samba Portela é inevitável. Da mesma forma o verde e rosa da Estação Primeira de Mangueira, cores que identificam a tradicional agremiação de Cartola e tantos outros baluartes.

Em Três Rios não é diferente, ao vermos que cada escola de samba ostenta suas cores como se fossem uma nação, como muitos se orgulham em dizer.
 
Os símbolos acompanham as cores, mas elas se destacam em uma espécie de defesa ou proteção de um passado glorioso que resguarda toda uma história consagrada a cada desfile.

A garça pelo leão



O Independente do Triângulo ainda não definiu qual formato tem, de fato, o seu leão; mas o felino ocupa o pavilhão da escola desde o início dos anos 2000, quando a tricolor (verde, vermelho e branco) resolveu trocar seu símbolo, que inicialmente era uma garça, pelo feroz rei das selvas, que mesmo não sendo um animal da fauna brasileira, caiu no gosto de seus torcedores.

"O leão tá chegando", com esse chamamento, os intérpretes passaram a pedir licença para entoar os versos de sambas de enredo ao longo de 38 anos de história.

Contava o saudoso presidente Antônio Luiz, que a troca aconteceu para evitar qualquer conflito com o animado bloco Os que bebem não vieram, que sai do bairro Ponte das Garças.

Nada mais justo deixar que o bloco de embalo ficasse com o símbolo, mesmo que a garça já ocupasse quase todo o pavilhão do Triângulo desde 1986, quando aconteceu o primeiro desfile do então bloco Independente do Triângulo.


Mexerica sob inspiração do rock progressivo


Já a Sonhos de Mixyricka reuniu suas cores, o azul e o laranja (ou seria mexerica - ou tangerina - da conhecida fruta) para colocar em seu pavilhão a fruta em clima de samba, com chapéu de malandro mostrando sua ginga.

Essa adequação foi adotada pelo então presidente Ciro Fernando ainda no início dos anos 2000, quando ele pediu ao carnavalesco Fernando Ferreira para fazer uma arte para camisa com a logomarca do enredo para a escola.

Sabe-se que a história do nome da escola que nasceu no Centro da cidade, teve inspiração em um nome de banda de rock progressivo.


Mas, espera aí: banda de rock? Mas estamos falando de samba! E a história se revelou ao longo do tempo com o enredo de que um grupo de amigos, fãs da banda alemã Tangerine Dream, de rock progressivo, que curtia os bailes de carnaval, traduziu para a folia usando o apelido da tangerina, ou, como queiram alguns, o nome pelo qual a fruta é conhecida em algumas regiões do país. Só que sofisticaram a mexerica, que ficou Mixyricka.

O bloco que desfilou como nessa categoria até 1988, viveu gloriosos momentos em seus desfiles tornando-se um pesadelo para os demais concorrentes na categoria, com apresentações luxuosas que engrossavam a sugestão de que o bloco deveria se tornar escola de samba, o que aconteceu de fato, de acordo com o regulamento do carnaval de 1988, quando os três blocos melhores colocados se tornariam escolas de samba do segundo grupo.

Dando direito ao Sonhos de Mixyricka, o extinto Bafo da Jaguatirica e o Em Cima da Hora de capricharem ainda mais em seus desfiles em nova categoria.


Estrelas do orgulho bambino


A atual campeã, Bambas do Ritmo, tem um homem negro tocando tamborim em seu pavilhão. Segundo alguns bambinos, o sambista, seria um tal Coreia, que ganhou, ainda quando a agremiação era bloco, a sua imagem estampada no estandarte azul e rosa que passou em 1972 para um pavilhão vermelho e branco.

As estrelas que rodeiam o símbolo, foram adotadas no início dos anos 2000, para mexer com os brios dos bambinos mais apaixonados, que viam na bandeira a recordação dos títulos por meio da simbologia das estrelas marcando cada conquista; 16 ao todo, para orgulho da torcida do bairro do Cantagalo.

Foto: Jonair de Christo
 

Um mero detalhe em vermelho



Por outro lado, a boca vermelha enfeita o pavilhão do Bom das Bocas, escola de samba verde e branco do bairro da Caixa D´água, que parece abrir a boca de entrada do pontilhão que dá acesso ao bairro, para o samba e a quadra da tradicional e querida agremiação.

O pequeno detalhe em vermelho simboliza os lábios, nada mais além disso, diante das rivalidades aguçadas ao longo de anos de muita disputa com a co-irmã Bambas do Ritmo.

E não faltam bocas para contar muitas histórias ligadas à tradição que chegou no último dia 6 de janeiro aos 60 anos.

Uma agremiação vibrante, cheia de energia para alegrar centenas de seus apaixonados torcedores e simpatizantes boquenses.

Foto: Jonair de Christo
 

O pato cresceu com o samba da Vila 

Na Vila Isabel, contam que uma estrela enfeitava o centro da bandeira da Mocidade Independente de Vila Isabel, conduzida pelo mestre-sala Cebinho e pela porta bandeira Lena. Porém, após o título conquistado em 1973, a bandeira mudou sua simbologia para um pato (não o Donald) com um guarda-chuva.

Anos depois, quem não viveu essa história quis saber o porquê de um pato com um guarda-chuva enfeitando o pavilhão verde, branco e vermelho da Tricolorida, como também é chamada por seus torcedores.

E a história se confirmou por importantes registros, quando, ao estrear em 1973, a Mocidade era considerada uma escola fraca diante da tradição que carregavam Bom das Bocas, Unidos da Caixa D´água e Bambas do Ritmo.

Na gíria, seria o pato do desfile. Porém, o pato (a Mocidade) na estreia, sob forte chuva que caiu naquele ano de 1973, acabou sendo campeão do desfile. Imagina uma agremiação considerada fraca, logo na estreia, desbancar a partir de então, suas rivais.

Foto: Reproduçãofull-width

Comentar

Postagem Anterior Próxima Postagem