Quem nos ensinou a cair, nos ensinou a levantar

Não foram poucos os trirrienses que receberam suas lições. Gerações e mais gerações vestiram um quimono e entraram num tatame não para brigar. Como gostariam e clamavam seus instintos e arroubos adolescentes.

Foram até o Alan e eles o ensinou a lutar. Lutar com disciplina, dentro das regras, do respeito aos seus adversários. Depois da casa, da escola, o treinador é o seu primeiro tribuno. Vai lidar com as leis, com o direito, com a justiça.

As regras são seus primeiros códigos civis. Os regulamentos, a primeira constituição.

Com sua calma meditativa, sua paixão pelo judô, repassou a cada um aluno o amor pelo esporte.

Aprenderam a cair e não se machucar. A jogar seus adversário ao chão e lhe estender as mãos, ajudando-os a levantar.

Alan foi, na concepção maior da palavra, um Mestre.

Como Secretário de Esportes do Governo Vinícius Farah, vi de perto sua entrega para que o judô recebesse todos os investimentos que merece. Fizemos o possível dentro de um país que subestima o esporte.

Um pais que tem que ter a humildade de reconhecer que homens como ele, Alan, estiveram muito acima do seu tempo. Muito além da nossa compreensão e dos recursos colocados à sua disposição.

Quem sabe seu legado, o vazio deixado no coração de tantos admiradores, faça com que o Brasil compreenda que na formação dos seus filhos, na base de sua educação, nem tudo é futebol.

Descanse em paz, Mestre.

Somos resistência


Há um ano, final de pandemia, aconteceu uma reunião histórica na prefeitura. Ela envolvia todas as autoridades. A pauta: liberar ou não os eventos de fim de ano.

Entre os promoters, empresários e donos de restaurante, dois estranhos ao ninho. Eu e a Maristela.

Representávamos um bloco de carnaval que desfila no Réveillon. E pela postura das autoridades que se sucedem no poder, e levariam algum tempo para entender nossos 45 anos de desfiles, ininterruptos, eis que entra na sala o prefeito.

Crescido em meio ao samba, ao futebol e a todas as manifestações sociais, Joa virou pra gente e perguntou: "E aí, estão prontos?".

O delegado tentou argumentar, tipo falta de policiais para a segurança, e o prefeito chamou pra si a responsabilidade: "Do bloco cuido eu e minha guarda!".

E assim (foto) o Bloco da Barão fez seu desfile. Foi o único bloco a desfilar neste período. Distribuiu máscaras e álcool gel e alegria por onde passou.

Cumpriu a tradição.

Esse ano, voltaremos mais fortes. Sobrevivemos. Não isolados, entubados, mas respeitados. É assim que as instituições se mantém. Não desaparecem.

 

E o homenageado desse ano será Nemésio, um cidadão trirriense que viveu, bebeu e se alimentou do samba. Que deixou rastros dessa enorme paixão em cada uma agremiação trirriense. Sem exceção.

Em sua homenagem, realizaremos um desfile à altura do amor e dedicação da sua companheira, Alessandra, que transcende e emociona o mais bonito dos sambas de enredo.

Por José Roberto Padilha

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