Advento da Igreja em saída a favor da vida

As CEBs-Comunidades Eclesiais de Base do Brasil já estão em preparação ao seu 15º Encontro Intereclesial, que acontecerá em Rondonópolis/MT, de 18 a 22 de julho de 2023, sob o tema “CEBs-Igreja em saída na busca da vida plena para todos e todas” e o lema “Vejam!

Eu vou criar um novo céu e uma nova terra” (Is 65,17ss). Acolhemos recentemente em nossa Diocese de Valença, concretamente na nossa Paróquia de São José Operário, a Articulação Interdiocesana de CEBs do Regional Leste 1 da CNBB, formada pelas 10 dioceses do nosso estado do Rio de Janeiro, em vista da preparação do referido encontro.

O tema escolhido traz consigo a afirmação de que “evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade” (EM 14; EG III).

E nada mais missionário do que escutar, com a Igreja do Brasil, o chamamento do Papa Francisco: “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo! Repito aqui, para toda a Igreja, aquilo que muitas vezes disse aos sacerdotes e aos leigos de Buenos Aires: prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas a uma Igreja enferma pelo fechamento e pela comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (EG 49).

E o mesmo Francisco acentua: “uma Igreja em saída, que vai ao encontro das periferias sociais, culturais e existenciais. Igreja presente, que anuncia o Evangelho, atinge o coração, para que ‘todos tenham vida plena’”.

Vida não para poucos privilegiados, mas vida para todas e todos, para o planeta, para os povos, independentes de raças, culturas ou credos.

Uma Igreja em saída é uma Igreja missionária que sai de si mesma e vai em busca, ao encontro dos pequenos, dos pobres, dos desvalidos e sofridos da humanidade, os “amados de Deus”.

Isso implica abraçaras causas fundamentais que sustenta a comunidade de vida (pessoas, animais, flores, águas...), enfim, a Humanidade e a Casa Comum.

Já o lema vindo de Is 65,17, se dá num contexto da volta do exílio, com comportamentos muito diversificados.

Houve quem se acomodasse à vida nas dependências do outro povo e até conseguisse uma sobrevivência razoável.

Houve também quem viveu de costas para sua tradição de povo escolhido e se submetesse à nova cultura e religião idólatras.

Houve também quem vivesse alimentando a esperança de voltar à sua terra e reconstruí-la, sobretudo tendo e templo como um ponto de encontro com o Deus Libertador.

E esse grupo foi alimentado pelos profetas que também sofreram o exílio e os chamou a um projeto de renovação de “novos céus e nova terra”.

O Advento vivido neste tempo terrível de globalização capitalista neoliberal, onde somos assemelhados ao Povo de Deus no exílio, deve levar-nos a ter cuidado para não cairmos num nacionalismo verde-amarelo enganador e nem em um desprezo pelos nossos verdadeiros valores.

Por isso, podemos nos perguntar: O que significa novos céus e nova terra para os povos originários, indígenas, negros, pobre em geral?

Como falar de novos céus e nova terra para 15 milhões de desempregados ou para milhares de famílias que sepultaram os mais de 690 mil brasileiros, muito mais vítima da politica genocida que propriamente do vírus? “Novos céus e nova terra” para todos”?

O Papa Francisco tem incentivado as CEBs e os movimentos populares a lutar pelos três Ts: Terra, Teto e Trabalho.

Há quem proponha também um quarto T, o da Tecnologia, argumentando que, sem o acesso tecnológico, a marginalização será ainda maior.

Quantos deixaram de receber a verba emergencial por ignorar totalmente qualquer meio de consegui-la? E outros que sendo espertos na tecnologia a receberam sem se enquadrarem nos critérios para isso?

Portanto temos que lutar pelos quatro Ts (Terra, Teto, Trabalho e Tecnologia), para que uma política de inclusão contemple os que estão sendo tratados como descartados pelo sistema econômico neoliberal vigente.

AS CEBs são Igreja em saída e, neste Advento, alicerçadas na Palavra de Jesus que veio para que todos tenham vida e vida plena (Jo 10,10) querem preparar um Natal em que o encontro com Jesus Salvador nos dê a todos o gosto pela vida e a alegria de viver a serviço de todas as vidas.

“Novos céus e nova terra” seja o nosso projeto, distinguindo como o Profeta Isaias, tarefas imediatas do já de nossa história, daquelas que servem para alimentar nossa utopia. No presépio contemplemos que a libertação-salvação vem de baixo.

Maria e José, sem teto, acolhem a chegada do Menino-Deus na Casa Comum, a gruta de Belém, e a eles se juntam pastores, pobres, magos e anjos e profeticamente cantam “Glória a Deus nas alturas e paz na terra à humanidade por Ele amada”!

Medoro, irmão menor-padre pecador

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