O primeiro gol o álbum nunca esquece


Nesta quinta, às 20h00, decidimos uma vaga na final da Copa do Brasil contra o Corinthians. E ao recorrer ao meu álbum, encontrei uma raridade. Um gol meu no Maracanã marcado contra o Timão.

Devo a minha mãe, irmãs e namorada que guardavam todos os recortes. Existem artilheiros que jogaram comigo e não possuem uma foto para mostrar aos filhos. Eu tenho uma dezena, e até repetidas, para colocar uma nas mãos de cada neto.

O que o álbum não conta é que meu irmão caçula, o Mauro, gravava o jogo, que era transmitido pela Rádio Globo através do Transglobe, da Philco. Nenhum outro veículo de comunicação mantinha a família com notícias dos filhos que jogavam por todo o país.

Quando Waldir Amaral gritou gol, e Mário Vianna, com dois enes, o VAR da época, confirmou que o gol era legal, meu irmão berrou lá do quintal da nossa casa: "Gol do Robertinho!!!"

Seguiu-se um silêncio ensurdecedor. Mauro não se conteve, queria dividir aquela benção com meus pais e irmãos e gritou mais alto: "" Foi gol do Robertinho!"

Reza a lenda que minha mãe, minha torcedora maior, abriu a janela e respondeu: "Tem certeza ,meu filho!"

Quando acreditaram, e foram conferir de perto, Rivelino e Vaguinho já tinham virado o placar para 3x1. Quem mandou ser "armandinho" no tempo que nem existia a assistência a valorizar os que colocavam o Flávio, Mickey, Té, Dionisio, Gil e Manfrine na cara do gol?

Como o álbum de figurinhas, salve os álbuns que colavam e registraram os recortes dos nossos passos. Toda vez que o abrimos, recuperamos lembranças bacanas, mesmo porque elas só guardavam vitórias, boas atuações e títulos.

As derrotas, as mulheres lá de casa deixavam para as mulheres de quem nos venceu. No fim, todo mundo saía ganhando.

Inclusive a História. Que vai contar um novo capítulo desse grande duelo. Com personagens, resultados e reações diferentes.

Quando o irmão do Cano gritar, lá da Argentina, sobre o gol que nos levará à final, sua mãe vai chegar logo à janela. E responder: "Otra vez! Que bolsa! Este chico no sabe hacer otra cosa? Asistencia, por ejemplo ?"

Por José Roberto Padilha


*Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do Entre-Rios Jornal*

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