Alto do morro


Alto do morro


Um dia estava eu a brincar no jardim de casa

Não se tratava de uma simples morada

Tratava-se de um lar

Lá o ar era mais puro, mais fresco

Meu endereço...



Os dias eram menos escuros e as noites mais iluminadas

As rosas exalavam perfume quando adormeciam com seus espinhos

Eu não precisava de sandálias

Lá, eu podia andar descalço

As pedras e os arbustos dos caminhos eram conhecidos

Tinha poço

Tinha água

Haviam riachos e atalhos de retalhos

Tinha rio, onde nadavam os peixinhos

Ali eu sempre sonhei, sofri, sorri e brinquei, como todos os que trilham e cultivam jardins

Lembro-me e sinto o afago do seio materno me chamando para o almoço antes do meio-dia

Do quão belos eram os risos dos meus irmãos

Como contemplávamosa natureza com toda a sua nobreza

Do amor exalando o seu odor em forma de poesia



Nas árvores existiam frutos por entre as folhagens dos galhos

Não eram miragens

Ali, os pássaros faziam ninhos

Se alimentavam e cantavam todos os dias numa peculiar sinfonia

Tudo estava em sintonia

...

Foi quando percebi que o tempo passava, enquanto eu simplesmente crescia

Que a natureza visível envelhecia e aos poucos mudava, ou partia

...

Um dia subi no mais alto morro do jardim

Mergulhei em mim

Lembrei-me do cultivo

Voltei a ser menino

Tornei-me passarinho a voar de volta para o ninho

Para o mais belo jardim, que ainda habita em mim...

...

Por Jhean Carlos Garcia
Foto: Desenho de Miguel Garcia Castro Netofull-width

Comentar

Postagem Anterior Próxima Postagem