Da Série "Testemunha Ocular da História"

Taça Guanabara, 75. Paulo Emilio, nosso treinador, estava preocupado às vésperas de um clássico, contra o Vasco, porque Assis, nosso quarto zagueiro, estava lesionado. A zaga, formada por ele e Silveira, jogava junto há anos.

Roberto Alvarenga, nosso supervisor, sugeriu que pedisse ajuda ao treinador dos juniores, João Batista Pinheiro, sobre um eventual substituto. E Pinheiro lhe indicou o Edinho. Que tinha apenas 19 anos.

Não lembro, nos meus dezessete anos de profissão, ter presenciado algo parecido. Edinho foi o melhor em campo, foi mantido como titular a ponto do Assis, ao retornar, ser negociado ao Sport Clube Recife.

Desse jeito surgiu um dos mais completos zagueiros do futebol brasileiro. Não foi por acaso.

Chegava no Fluminense às 7h00 para jogar tênis com os associados. As 8h30, vinha para o campo e puxava a fila dos treinamentos físicos. E depois, fechava jogando Futvolei em Copacababa, onde morava, pois foi um dos precursores desse esporte.

Enfim, nada é por acaso. É quando o talento ganha força e velocidade para defender e sobram pernas para atacar. E tem como mestre um zagueiro do nível do Pinheiro.

Ninguém chega à seleção brasileira, e marca um gol durante uma Copa do Mundo, sendo zagueiro, e não foi de cabeça, foi entrando driblando a defesa adversária, sem a luta e a entrega desse "menino".

Não me lembro do Fluminense lhe prestar uma homenagem à altura. Um jogo de despedida para um craque lapidado deste o infantil. Um carinho da torcida.

Quem sabe?

Por José Roberto Padilha

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