Independente do Triângulo completa 37 anos nesta quarta-feira (13)

Uma das mais tradicionais escolas de samba do carnaval trirriense, o Independente do Triângulo está completando 37 anos nesta quarta-feira (13).

A atual diretoria, eleita ano passado, é encabeçada pelo presidente Sebastião Evangelista Rufino de Souza (Tião Rufino). Nenhuma programação em comemoração ao 37º aniversário foi anunciada pela agremiação tricolor.


O começo de tudo

Quando um animado bloco de piranhas brincava o carnaval pelas ruas do bairro do Triângulo, ninguém imaginava que aquela localidade retomaria sua tradição no carnaval de Três Rios.

Afinal, no bairro, duas agremiações mostraram que o Triângulo era bom de samba também. Em 1974, a Acadêmicos do Triângulo (GRESAT), escola de samba verde e rosa, desfilou uma única vez.

Depois, foi a vez do bloco Bafo do Grilo, agremiação vermelho e branca, realizar memoráveis desfiles até o início da década de 1980, desfilando pela última vez em 1988.

Fundado em 13 de abril de 1985, com as cores verde, vermelho e branco, em 1986, o então bloco carnavalesco (de enredo), estreava na Avenida Beira-Rio desfilando com um tema em homenagem à passista Maíca, da escola de samba Bom das Bocas, madrinha do Triângulo.

Os ensaios eram realizados em um barracão improvisado, cercado de bambu com cobertura, onde hoje funciona a garagem de uma empresa de ônibus.

Naquele ano (86), o enredo teve a colaboração do saudoso carnavalesco Vanderley Rodrigues, que fez alguns esboços de fantasias e alegorias a pedido do fundador e presidente Carlos Roberto Moreira, o popular Carlão.

O samba de enredo teve a assinatura de dois jovens compositores do bairro: Celso e Barata. A bandeira tricolor tinha como símbolo uma garça de asas abertas.

Na casa do Carlão, além dele, Maria Sebastiana (sua esposa na época), dos filhos Herivelto e Ana Carolina, junto de sua sogra Dona Maria, do cunhado Antônio Luiz, entre outros familiares, faziam da residência o quartel general do bloco.

No ano seguinte, em 1987, o Independente se popularizava ainda mais na cidade e desfilava com o enredo "Doce Infância", do jovem carnavalesco Fernando Ferreira de Oliveira, de apenas 16 anos.

O samba foi escolhido no antigo clube Vila Isabel, onde hoje funciona a Apae. A obra foi assinada pelos compositores João Saaetri e Dadinho em meio a uma disputa acirrada na época.

Em 1988, o bloco foi para a Beira-Rio com um enredo sugerido pelo saudoso compositor Pádua, autor de memoráveis sambas de enredo no Bambas do Ritmo e no Bom das Bocas.

O compositor e o carnavalesco Vanderley Rodrigues desenvolveram o enredo "A Esperança e o Lobo"; uma crítica bem humorada à situação do país e à americanização da cultura brasileira.

O samba assinado por Pádua foi abraçado pela comunidade que fez um animado desfile, cantando: "Falou que é lobby/ Hot-dog é perigoso/ Cachorro quente, minha gente, é mais gostoso."

Em 1989, ainda como bloco, o Independente arregimentava sua comunidade, tendo à frente o saudoso presidente Antônio Luiz, que aceitou do compositor Ailton Molina (já falecido), a sugestão do enredo "Álcool, o jeitinho brasileiro", desenvolvido pelo carnavalesco Walter Matheus.

Os versos do samba ironizavam até mesmo quem duvidava que a agremiação fosse desfilar, diante de um problema de saúde do presidente Antônio Luiz, que ficou internado.

Mas a garra e a união foram importantes trunfos do Triângulo naquele desfile: "Quem duvidou levou um chute no traseiro/ Não se duvida do jeitinho brasileiro", dizia o samba assinado por José Luiz.

Com muita garra a agremiação alcançou o primeiro título de sua história e fez uma grande festa pela Avenida Zoelo Sola, com um arrastão que comemorou a vitória e, pelo regulamento, o direito de se tornar escola de samba para desfilar no segundo grupo em 1990.

Porém, em 1990, sem o desfile oficial naquele ano, no ano seguinte, em 1991, o Triângulo fazia sua estreia como escola de samba e desfilava com o enredo "Faça o jogo - a sorte está lançada", de autoria do carnavalesco Fernando Ferreira e desenvolvido pelo carnavalesco Walter Matheus.


Trajetória como escola de samba

O Triângulo chegou a animar o carnaval da cidade, com desfiles improvisados, capitaneados pelo saudoso presidente Antônio Luiz, quando o carnaval trirriense estava num período crítico.

Quando retornou, em 2002, a escola desfilou com seu pavilhão tendo o leão como símbolo, substituindo a garça adotada pelo vizinho bloco de embalo Os que bebem não vieram.

Naquele ano, o enredo do carnavalesco Fernando Ferreira, foi "Nosso Ziriguidum tem Sambista Maneiro", em homenagem a um importante baluarte do samba trirriense, o radialista, colunista, professor e fundador da co-irmã Mocidade da Vila, Selmarino Luiz dos Santos, o Sambista Maneiro.

O samba foi assinado por José Luiz do Santos, que além de compositor, também foi intérprete da escola por alguns desfiles.

O desfile levou à Avenida Condessa do Rio Novo a bela alegoria que reproduzia uma maria fumaça, em homenagem ao período em que o homenageado do enredo trabalhou como maquinista da Rede Ferroviária Federal.

Nos anos seguintes, o Independente do Triângulo se firmou como uma das mais queridas agremiações carnavalescas da cidade, com memoráveis desfiles e sambas de enredo que marcaram sua trajetória, entre eles o de 2004 sobre a dança, desenvolvido pelo carnavalesco Amarildo Lopes, que também teve trabalhos marcantes na agremiação.

Joel São Tiago também deu sua contribuição ao criar um enredo em homenagem ao médico, nutrólogo, professor, geógrafo, cientista social, político, escritor e ativista brasileiro do combate à fome, Josué de Castro, com um belo samba do compositor José Mário.

Depois vieram mais dois títulos no segundo grupo: em 2015 (Ilu Ayê - Herança da Resistência) e 2017 (Nação Brasil dos Ibirapitangas).



Em 2019 a escola não desfilou, mas retornou em 2020, mesmo sem verba e com muita dificuldade, foi para a avenida, quando apresentou o enredo "Abram-se as Cortinas – A Sorte está lançada”, de autoria do carnavalesco João Vitor Esteves.

Ao longo de sua trajetória, vários baluartes foram importantes na estruturação do GRESIT. Nomes como os dos ex-presidente Carlão, Antônio Luiz, Catiçá, Ricardinho e Tião Flamengo, entre outros baluartes como João Pessurno, Zé Pedro, Tuguês, Gisele, Pescoço, Antônio Luiz (Gordo), Zé Vidinha, Dona Eliziária, Das Dores, entre tantos outros que ajudaram a agremiação a se consolidar no carnaval trirriense como uma importante entidade cultural.

Nova diretoria


Eleita em outubro do ano passado, a nova diretoria foi aclamada por ter sido a única chapa apresentada na eleição da escola.

Diante das grandes dificuldades enfrentadas pela agremiação, uma das polêmicas envolveu o Tribunal de Contas do RJ, que proibiu a escola de receber a verba do município por uma questão em que a agremiação apenas quis ajudar as co-irmãs, em 2002, quando era a única com toda a documentação em dia, o que a credenciou a receber a verba e repassar às demais escolas de samba que desfilaram naquele carnaval: Mocidade, Bambas do Ritmo e Sonhos de Mixyricka.

Porém, alguns problemas na prestação de contas, anos depois, causaram transtorno à agremiação de forma injusta.

  

Confira a formação da nova diretoria

Presidente: Sebastião Evangelista Rufino de Souza;
Vice-presidente: Paulo Roberto do Amor Divino Jr

1º tesoureiro. Ronaldo Camara Moreira
2º tesoureiro. Renaldo da Silva Milagres

1º secretário, Tiago Luiz Cardoso
2ª secretária, Rosiana Gonçalves Pimentel

Conselho Fiscal

1º conselheiro - José Carlos de Melo Machado
2º conselheiro - Ricardo dos Santos Silva
3º conselheiro - Bruno da Silva Guimarães

Suplente


1º António Araújo Vichete
2º Valterci de Oliveira Moreira

A ata da eleição e posse da nova diretoria foi lavrada por Tiago Luiz Cardoso e assinada/ rubricada por todos os participantes do pleito.

Imagens: Reproduçãofull-width

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