Certa vez, partia de carro para o sítio que a família tinha em Sapucaia. Ao abrir a porta, coloquei no teto um vaso de plantas.E dei partida com ele em cima. Ao fazer a curva, todos me acenavam em euforia. Saudades?
Parei, o vaso não caiu, e todos riram muito. Minha fama de distraído e esquecido recebia outro carimbo. Se consolidava ainda mais e, confesso, não me agradava ser motivo de deboche. Mesmo com carinho. E em família.
Esse episódio veio se somar às chaves que esqueço, diariamente, ao celular que perco, semanalmente, ao Invisalign que retiro no restaurante para comer, embrulho no guardanapo e volto mais tarde para pedir ao Tito que o recupere no lixo.
Contra fatos, sabemos, não há argumentos, apenas procurava uma saída para justificar esse desconforto. Aí minha irmã, a Simone, repetiu outro dia os acordes de outra plural conduta: "Vê se descansa. Você não sossega!"
Pronto. Vislumbrei a desculpa. Não estava errada. Não Sossego.
Dessa constatação de inquietude explícita, impossível igualmente de ser negada, envolto em diversas atividades esportivas, políticas, sociais e afetivas, retirei minha defesa. Quer saber?
Deus não me reteve a memória para que não ficasse preso ao passado. Sem lembranças, boas ou más, parto para experiências inéditas que levem novas informações ao cérebro. Mesmo sabendo que não irá retê-las.
Bem, cada um adota as razões que melhor lhe convém. Que nos deixem mais confortados, atenuem e expliquem o que não tem explicação.
Eu achei a minha, procure direitinho que você vai encontrar as razões que vão explicar as falhas suas. O que importa é você acreditar que são verdadeiras. E ser mais feliz.
Não se esqueça!
Por José Roberto Padilha
Imagem: Reprodução
Postar um comentário