Às vezes, sair da nossa zona de conforto faz com que sejamos apresentados ao desnudo universo da vida cotidiana das outras pessoas, particularmente daqueles que compartilham nosso dia a dia, só assim podemos compreender seus dilemas e reforçar nossas maneiras de acolhimento fraterno compatíveis com o que necessitam.
Em vista disso, depois de almoço de confraternização em restaurante da cidade, na companhia de familiares mais próximos e da equipe de colaboradores diários, fiz questão de levar a minha secretária do lar em sua casa, localizada em bairro da periferia da cidade, para me inteirar melhor sobre o sacrifício que ela faz para chegar no trabalho todos os dias úteis da semana.
Na verdade, o princípio de igualdade e cidadania demarcado na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, não se aplica à maioria da sociedade, sendo mais generoso e até exclusivo para os adágios “mais iguais”, quais sejam, todos que se enquadram na elite dos servidores públicos, ou que recebem salários mensais acima do teto constitucional, hoje, correspondente à 39.293,32, geralmente usufruído pelo alto escalão do legislativo, executivo e judiciário.
Aí, pude refletir e compreender as razões para tanta carência estrutural dos serviços públicos nos milhares de municípios brasileiros, afinal, gastos para manutenção da folha de pagamento das câmaras de deputados, senadores, vereadores, todos com seus exércitos comissionados, além das regalias a que têm direitos legais, mas imorais, definitivamente, não justificam os resultados evidenciados em seus relatórios de serviços prestados à comunidade, carecendo de criteriosa reavaliação do seu quantitativo e representatividade na sociedade dos municípios, distrito federal e estados da federação, para o bem-estar de toda a população.
Ao deixarmos a BR 393 e adentrarmos na sua comunidade – Bairro dos Pilões, Três Rios/RJ – percebi como os efeitos destruidores das recentes fortes chuvas dificultam a circulação de milhares de moradores e centenas de veículos, imaginando o sufoco passado por quem ousasse caminhar entre tantos escombros,do tipo galhos de árvores, lixos e similares.
É evidente que os recentes episódios de tempestade são atípicos, atribuídos à zona de convergência do Atlântico Sul instalada na região Sudeste do Brasil, o que gera tanto transtorno ao meio ambiente.
Bem menores, contudo,têm sido aqueles causados regularmente em períodos do ano em que as chuvas são mais frequentes, como o último mês do calendário, seguido dos dois primeiros meses do ano subsequente.
Nada de novo nisso, visto que existem sistemas de alertas sobre as grandes variações climáticas e seria prudente que os gestores públicos os consultassem para eventuais necessidades de intervenções na mobilidade urbana capazes de minimizar os danos ao meio ambiente e na rotina das pessoas, que dessas catástrofes climáticas decorrem.
Na verdade, o princípio de igualdade e cidadania demarcado na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, não se aplica à maioria da sociedade, sendo mais generoso e até exclusivo para os adágios “mais iguais”, quais sejam, todos que se enquadram na elite dos servidores públicos, ou que recebem salários mensais acima do teto constitucional, hoje, correspondente à 39.293,32, geralmente usufruído pelo alto escalão do legislativo, executivo e judiciário.
Mesmo que se trate de valor inferior ao pago aos altos executivos da iniciativa privada, como costumam argumentar seus beneficiáriosno serviço público, não deixa de ser abusivo, controverso, exorbitante, considerando a média salarial dos demais categorias de servidores públicos nas três esferas de governo, posto que mantê-los implica no consumo da maior parcela do orçamento público arrecadado na forma de impostos astronômicos pagos por todos os brasileiros, mas que impacta muito mais as famílias de baixa renda, devido ao fato de incidir sobre o consumo e aos baixos salários que recebem.
Diante disso, não ficou difícil inferir ao presenciado pouco mais a frente, quando nos vimos diante duas mulheres não paramentadas com equipamentos de proteção individual se arriscando para limpar parte da obstruída pista de rolamento e calçadas.
Perguntei se eram servidoras municipais, provavelmente de serviço emergencial de limpeza urbana, quando Rose, minha secretária do lar esclareceu se tratar de duas proprietárias de estabelecimento comercial, bar e lanchonete, nas proximidades, zelando pela limpeza da rua para manutenção da clientela.
Aí, pude refletir e compreender as razões para tanta carência estrutural dos serviços públicos nos milhares de municípios brasileiros, afinal, gastos para manutenção da folha de pagamento das câmaras de deputados, senadores, vereadores, todos com seus exércitos comissionados, além das regalias a que têm direitos legais, mas imorais, definitivamente, não justificam os resultados evidenciados em seus relatórios de serviços prestados à comunidade, carecendo de criteriosa reavaliação do seu quantitativo e representatividade na sociedade dos municípios, distrito federal e estados da federação, para o bem-estar de toda a população.
O mesmo se aplica às instâncias do executivo e judiciário, eliminando suas distorções e excessos. Mais adiante e próximo da residência da Rose, meu irmão encontrava dificuldade em conciliar o percurso e velocidade do veículo com o cambalear de homem embriagado que se deslocava entre os diversos buracos na pista de rolamento e recuo para calçada em terra batida, fielmente protegido pelo seu cachorro que guardava seus passos.
Fiquei surpreso ao perceber que o cão assumiu a dianteira quando se aproximava um cruzamento de ruas, logo percebi, que o animal se adiantava para avaliar possíveis riscos maiores de atropelamento do seu tutor, inclusive disposto a se colocar na frente de veículo para poupá-lo de eventual acidente.
Mais surpreso ficava ao perceber como as pessoas da comunidade estampam semblante de felicidade para com os que a visitam, mais ainda, alguns estabelecimentos de serviços de bar e petiscos com consumidores sorridentes, música alta e a cerveja comendo solta.
As cenas me levaram também a imaginar como deve ser difícil para usuários de cadeiras de rodas ou pessoas com mobilidade reduzida viver e se socializar nessas comunidades, reconhecendo o quanto proveitosas são as oportunidades de aprender com as pessoas humildes a arte de viver em plenitude, independente das adversidades.
Momento que elevei o pensamento em preces de agradecimentos à Deus pelo tanto de bençãos recebidas, sobretudo, clamando para que Ele derrame chuvas de bençãos e glórias misericordiosas sobre os mais humildes, mesmo ciente de se tratar dos primeiros no seu Reino.
Por Dr. Wiliam Machado
Por Dr. Wiliam Machado
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