Naquela mesa está faltando ele

Como seu biógrafo, em um dos seus depoimentos, Seu Josemo nos confidenciou: "Quando desci o Vale de Cuiabá, em busca de novas oportunidades para o armazém da família, encontrei na bifurcação de Itaipava uma placa. Ela indicava : Petrópolis à esquerda, Três Rios à direita."

"Ia virar à esquerda, onde teria chances maiores, mas uma força estranha foi superior, quem sabe gerada pelos anseios de uma gente que acabara de perder sua maior empregadora, a Cia. Ind. Santa Matilde, e acabei vindo para Três Rios."

De um armazém que se resumia a um caixote, foi crescendo, avançando, conquistando espaço com a força do trabalho e da sua obstinação. Até se tornar uma lenda.

Lendas não se explicam. São frutos de uma árvore rara, cujos galhos incomuns geram empregos, enxergam oportunidades e são capazes de transformar uma cidade fantasma em cidade empreededora.

Este será o segundo Natal que passaremos sem ele. Sem o orgulho cidadão de reverenciar aquele helicóptero que nos despertava a atenção: "Lá vai seu Josemo!."

Ninguém o invejava porque não se exibia, apenas trabalhava. Todos o admiravam porque almoçava no seu restaurante, não no mais badalado da cidade. E sentava ao lado dos seus fregueses, que eram, na verdade, seus amigos.

Hoje, passamos pelo seus domínios e admiramos o tamanho do seu legado. Não foi apenas um império que nos deixou. Foi além.

Deixou em seus filhos, na Dona Marlene, no Capela, no Darinho, nas sábias mãos do Marinho, do Jurandir e do Zé Geraldo, em cada um dos seus gerentes e funcionários, lições definitivas. Que estão sabendo honrar.

Neste Natal, tão católico era, sentado ao lado dos seus na hora sagrada do almoço, estará faltando ele.

E a saudade dele vai doer em todos nós.

Por José Roberto Padilha 
Imagem: Reprodução

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