Um feriado para reflexão


Sábado, as ruas ficaram vazias. Não por ser feriado, mas porque nós, brancos, ficamos em casa refletindo. Será que estamos sendo justos?

Porque se dependesse de nossos governadores brancos, nem seria feriado. Precisou que a Benedita da Silva, negra, mulher e favelada, quando nos governou por 15 minutos , sancionasse como tal o dia reservado à Consciência Negra.

Antes de sua decretação, como parar para refletir se nunca sofremos opressão pela cor da pele que nascemos? E, historicamente, jamais fomos tratados como animais, segregados nos ônibus, escolas, elevadores e restaurantes..

Ontem, forçados que fomos, lembrei que entre os milhares de médicos que tratam de mim, apenas um, o Dr. André Salustiano, é negro... E que luta, que história de superação passou para alcançar aquele diploma.

Dentistas? Não me lembro. Psicólogos? Não soube. Professores, são tão heróis quanto raros. O dia, enfim, foi curto para recordar tanta discriminação.

Não é justo.

Estranho isso acontecer no país do futebol, cujo Rei é um negro. No país cuja maior festa popular, o Carnaval, tem no trono um Neguinho da Beija Flor.

Justo onde seu povo ama a música popular e suas maiores referências são Martinho da Vila, Jamelão, Pixinguinha e Emilio Santiago...

Hoje, já é domingo. O comércio voltou a abrir, deixamos o isolamento, as reflexões e retornamos ao convívio social. Tomara que voltemos mais justos, igualitários e menos insensíveis.

Pois se o mundo nos admira, e respeita porque somos miscigenados, porque continuar a encher toda a xícara de oportunidades com o leite se é pelo sabor do café que muitos nos apreciam?

Por José Roberto Padilha
Imagem: Reprodução

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