Mocidade da Vila comemora 50 anos em verde, vermelho e branco

Mais que uma comemoração, festejar 50 anos de existência, sendo uma escola de samba do interior do estado, é motivo de orgulho e, acima de tudo, resistência de uma cultura que, mesmo com grandes dificuldades, consegue se estabelecer e avançar no tempo diante de tantos modismos.

Nesta segunda-feira, dia 15 de novembro, a escola de samba Mocidade Independente de Vila Isabel comemora 50 anos de sua fundação, ocorrida em 1971, no bairro de Vila Isabel, o mais populoso de Três Rios.

Ao longo de todo esse tempo, a escola conquistou 8 títulos no carnaval trirriense com memoráveis desfiles.

O que abriu a galeria de campeonatos, por exemplo, aconteceu no primeiro desfile oficial da simpática escola de samba de cores verde, vermelho e branco, em 1973, quando foi apresentado na Avenida Condessa do Rio Novo o enredo em homenagem à terra gaúcha, intitulado "Rio Grande do Sul, seus costumes e suas glórias", também conhecido como "Festa da Uva".

Naquele ano, sob intensa chuva, no dia 4 de março, adentrava na passarela a estreante Tricolorida, apelido que foi dado alguns anos depois por seu principal fundador e ex-presidente Selmarino Luiz dos Santos, o Sambista Maneiro.

Na casa dele, a iniciante Mocidade, ainda sem a sua sede, dava seus primeiros passos com animados ensaios que movimentavam o bairro de Vila Isabel.

Ainda em 73, escalada pela Ascatri (Associação Carnavalesca Trirriense) para abrir o desfile oficial no domingo, às 21h, a Mocidade era considerada uma escola ainda iniciante e fraca para enfrentar as já estabelecidas na folia trirriense, Bom das Bocas e Bambas do Ritmo, que já mantinham uma trajetória como blocos carnavalescos desde 1963 e 1964, respectivamente; o pato do desfile, era a Mocidade.

A partir daí, a escola resolveu adotar o pato como símbolo de seu pavilhão, que, inicialmente, conduzido pelo mestre-sala Cebinho e pela porta bandeira Lena, trazia uma estrela.

O símbolo ainda trazia um guarda-chuva para lembrar da estreia batizada com o temporal que caiu sobre a cidade naquele ano, prejudicando sobremaneira suas rivais, que tiveram carros alegóricos danificados como aconteceu com o Bom das Bocas, e 16 sagrados pontos perdidos pelo atraso do Bambas, que somaria mais que as co-irmãs e seria o campeão de fato.

Mas, o destino estava traçado para que fosse a Mocidade a grande campeã com um belo desfile sob a chuva.

Durante muitos carnavais, a escola da Vila Isabel sempre chegava em terceiro lugar, sem disputar o título com suas principais co-irmãs.

Porém, em 1988, sob a presidência do saudoso Mirandolino Santana, quando desfilou com o enredo "No coqueiro dá côco, na Mangueira dá Jamelão", a escola fez um belo desfile em homenagem a uma das grandes vozes do samba carioca, em especial da verde e rosa Estação Primeira de Mangueira.

Jamelão, o homenageado, não desfilou, mas fez um show na quadra da escola, onde cantou seus grandes sucessos e também sambas de enredo memoráveis da Mangueira.

A emocionante homenagem rendeu o vice-campeonato à Mocidade com o contagiante samba composto pelo compositor Osni.


A chegada de Armando Martins

O segundo título aconteceu 16 anos depois com a chegada do carnavalesco Armando Martins, que estreava na escola assinando o enredo "Baco de Guararapes". O comandante da Marinha Mercante foi campeão como carnavalesco por mais cinco carnavais: 1991, 2002, 2003, 2004 e 2005.

Em 2009, sob a presidência de Jorge Pempem, a Mocidade realizou um dos seus mais belos desfiles, com o memorável enredo "Amor, Eterno Amor", do carnavalesco Fernando Ferreira.

O samba dos compositores Gilmar Cobrinha, Cebinho, Zói e Renatinho do Rapha do Pagode, é um dos mais cantados na quadra até hoje e, mesmo a perda por um décimo para o campeão Bom das Bocas, não tirou a garra da agremiação.

  
Em 2019, após 14 anos do último título (em 2005), a Mocidade, sob a presidência de Luciano Espírito Santo, tendo como vice-presidente Luiz Antônio Gomes Salvado (Catatau), soltava o grito de campeã pelas ruas do bairro, comemorando a vitória com o enredo "Amas de leite, mães escravas de seus próprios destinos", dos carnavalescos Vitor Matheus Vieira e Raphael Corrêa, com o sambão assinado pelos compositores Selmarino, Gilmar Cobrinha, Selmarino Júnior, Kelmer Orelha e JP Bocão, cantado na Avenida Condessa do Rio Novo pelo intérprete Rodrigo Viana, o Rodriguinho.

Além do campeonato, a Tricolorida levou o Troféu Ziriguidum, premiação dada pelo Entre-Rios Jornal aos melhores do carnaval, nas principais categorias, como Escola, Enredo, Samba de Enredo e Bateria.


Festa do cinquentenário

No feriado de 15 de novembro, a festa começa às 15h na quadra com cerveja gelada e ainda as apresentações de Samba dos Crias, Energia Positiva, apresentação da anfitriã e aniversariante e ainda o show com a escola de samba Acadêmicos do Grande Rio, vice-campeã do carnaval carioca de 2020, com a bateria sob comando de Mestre Fafá.

A venda de mesas para 4 pessoas teve lote limitado por R$ 80. O 2º lote começou a ser vendido na quarta-feira (10) com diretores da escola. Mais informações com Flávio (24 98139-6958) ou Catatau (24 99206-9336).

Presidida atualmente por Valdir Ribeiro, em 2022, a Mocidade irá desfilar com o enredo “Chuva Madrinha – a matriz da vida que batizou a nossa folia”, do carnavalesco Victor Matheus.

O samba é assinado pelos compositores James Bernardes, Leozinho Nunes, Douglas Ribeiro, Jefinho Salvador e Marcos Lodi, com participação especial de Fabiano Pacheco e será cantado por Rodrigo Viana.

Imagens: Jonair de Christofull-width

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