A maioria, negros. E como raríssimos tinham acesso à "parte nobre" do clube, Parque Aquático e quadras de Tênis, Basquete e Futsal, ela comandou um abaixo assinado para que nós, jogadores, entrássemos pelos fundos.
E uma portaria foi improvisada na Rua Pinheiro Machado, a servir funcionários e jogadores.
A Rua Álvaro Chaves voltou a ser branca de vergonha.
E eu pensava: mas quem levava o nome do clube para a mídia, o fazia respeitado e reconhecido, eram justamente os atletas negros. Marco Antonio, tricampeão mundial. Denilson, capitão da seleção de 66, o Rei Zulú. E tinha o Oliveira, Toninho, Cafuringa, Mazinho, Ivair, Zé Maria, Jairo e Carlos Alberto Pintinho.
Da parte nobre, só a Juliana Veloso se destacava nos saltos ornamentais. E os irmãos Bial no basquete. E mais nada.
Isso, somado à história que deu origem ao pó-de-arroz, onde embranquiçaram um negro para não chocar o estatuto, marcaram muito a nossa geração.
Quanto racismo imperava no clube do meu coração.
Hoje, vejo com orgulho o nosso comandante ser um negro. Marcão tem a cara do Fluminense que eu sempre quis. Foi um jogador espetacular e tem sido um bombeiro exemplar.
Jamais lhe deram uma chance como treinador. Aquele que faz a pré temporada, opina sobre contratações e monta seu plano tático. Como julgá-lo se ele só entra para apagar o incêndio da derrocada do Odair? Acalmar um elenco que não se entendia com o Roger?
Amanhã, tem decisão contra o Corinthians. Ou vamos brigar pela Libertadores, ou se perdermos, passar o ano assistindo mais carreatas rubro negras.
Que o grupo reconheça a história de luta e superação do Marcão. E lhe dê como presente a vitória. Quem sabe ano que vem não lhe cedam a oportunidade que tanto merece?
No lugar de bombeiro a apagar as chamas que não provocou, ser o arquiteto do soerguimento daquele prédio chique de vitrais franceses, acostumado a receber taças, troféus, a Taça Olimpica de 1952.
Mais do que isto. A glória de ter superado o racismo e se orgulhar do Marcão, Luiz Henrique e Cia.entrarem pela porta da frente com a auto estima elevada e a cabeça erguida.
Por José Roberto Padilha
Imagem: Reprodução
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