Ela, Rebeca Andrade, Flavia Saraiva, e outras 12 ginastas, nem passavam de promessas quando aqui desembarcaram, aos 14 anos.
Quando o ginásio em que treinavam na Gávea pegou fogo, Três Rios, que possuía um dos pólos do Projeto de Ginástica Artística espalhados pelo estado, da Professora Georgete Vidor, e dotado dos melhores aparelhos e a impecável estrutura do Planeta Vida, com fisioterapia, piscina aquecida e aparelhos de musculação, foi o local escolhido para acolher não apenas a equipe rubro negra, mas toda a seleção brasileira feminina.O governo Vinicius Farah, que investiu pesado no esporte, não mediu esforços para recebê-las. Foi alugada uma casa confortável no centro da cidade, com piscina, 6 quartos, todos com ar condicionado. E todas elas foram matriculadas no Ciep Marco Polo.
Uma kombi da prefeitura as levavam e buscavam. E a secretaria de saúde realizou exames semanais em todas elas, inclusive os de antidoping.
Ficaram três anos em Três Rios. Receberam, do maior treinador da modalidade, Alexandre Alexandrov, que se hospedou no Hotel Comendador, e o levei pessoalmente, como secretário de esporte, ao CVT para receber aulas de Português; preciosas lições.
Nada faltou para que todas aquelas promessas se tornassem realidade.
Hoje, assisti a entrevista da Rebeca após conquistar a medalha de ouro no mundial.
Falou de tudo e de todos, agradeceu Deus e o mundo e nem citou Três Rios. A cidade que acolheu de braços, bolsos e corações abertos.
A cidade que ajudou a formá-la como atleta de alto rendimento.
Não foram seis meses. Foram três anos.
Gratidão. Parece uma palavra fácil se ser pronunciada. Mas vai além, é um sentimento nobre que não se conquista saltando o cavalo ou, equilibrando nas traves ou nas paralelas ou colocando uma medalha no peito.
Vem do berço, não do treino, e não tem preço.
Não foram três anos intensamente passados em Três Rios, como pensávamos. Fomos apenas um vácuo, que não deixou rastros, que passou em sua vida.
Por José Roberto Padilha
Imagem: Reprodução
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