Dia Mundial do Idoso: O que é etarismo e como ele prejudica a terceira idade

Hoje, 1º de outubro, é comemorado o Dia Mundial do Idoso. A data, criada em 1991 por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), reforça os termos da Resolução 46, que objetiva sensibilizar a sociedade mundial para as questões do envelhecimento, destacando a necessidade de proteção e de cuidados para essa população, já que chegar à terceira idade com saúde e disposição é um privilégio.

Porém, é comum que quem tenha mais de 50 anos já comece a sentir discriminação por estar envelhecendo. Ouvir frases como: "Você está velho demais para isso!"ou "Lugar de velho é em casa" começa a fazer parte do cotidiano de muitos idosos.

Essa discriminação passou a ser chamada de etarismo —mas também é chamada de idadismo ou ageísmo— e é bastante comum: de acordo com um relatório elaborado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) uma em cada duas pessoas no mundo já apresentou ações discriminatórias que pioram a saúde física e mental dos idosos.

O relatório global sobre preconceito etário faz parte de uma campanha realizada pela OMS para combater estereótipos e aumentar a discussão sobre o assunto.

Aqui no Brasil os dados também mostram que o etarismo começa até mesmo antes das pessoas chegarem à terceira idade: 16,8% dos brasileiros com mais de 50 anos já se sentiram vítima de algum tipo de discriminação por estarem envelhecendo.


Problema deve ser tratado com seriedade

O preconceito de idade é uma questão séria, que deve ser tratada da mesma forma que a discriminação baseada em gênero, etnia ou orientação sexual, por exemplo.

A organização aponta a necessidade de aumentar a consciência pública sobre os problemas que o preconceito de idade pode ajudar a criar.

À medida que a população de idosos continua a aumentar, encontrar maneiras de minimizar o etarismo é cada vez mais importante.

Esse tipo de preconceito também dificulta o acesso à saúde, o que eleva o número de mortes precoces. O preconceito por idade se infiltra em instituições como hospitais, centros médicos e, em alguns casos, ocorre racionamento na saúde em idosos, ou seja, a idade passa a determinar se a pessoa deve ou não receber alguns procedimentos ou tratamentos médicos.

A segunda edição da Pesquisa Idosos no Brasil, realizada pelo Sesc São Paulo e pela Fundação Perseu Abramo, apontou que 18% dos idosos afirmaram terem sido discriminados ou maltratados em um serviço de saúde. E 19% declararam terem sofrido algum tipo de violência física ou verbal.


Por que isso acontece?

O preconceito pela idade se manifesta por meio da forma que a sociedade pensa, sente ou age em relação aos idosos. Isso acontece porque os estereótipos associados ao envelhecimento normalmente não são positivos.

Por muito tempo, ser idoso significava ser dependente, frágil, incapaz e também era sinônimo de senilidade. tudo isso fortalece o etarismo.

O envelhecimento é um processo inexorável e traz desgastes naturais. E isso é interpretado erroneamente como um estado global de fragilidade e perda de independência e autonomia. É importante frisar que o envelhecimento varia de pessoa para pessoa e os idosos não são todos iguais.


Como combater?

Vale destacar que o etarismo está enraizado na sociedade e, muitas vezes, as crianças desde cedo escutam frases que desvalorizam os idosos.

E assim, normalizam-se os estereótipos relacionados à idade. Frequentemente, ser velho está associado à imagem de uma pessoa triste e dependente, o que não condiz mais com a realidade da maioria.

Por isso, é fundamental que as mudanças e a conscientização da importância dos idosos na sociedade comecem dentro de casa, com os familiares. O etarismo não é intrínseco ao ser humano e essas ideias preconceituosas podem ser desconstruídas.

Isso pode dar uma abertura para o envelhecimento de forma plena, em que há uma aceitação dessa fase, sem negações ou sofrimentos.

É necessário, portanto, que ocorra o convívio entre as diversas gerações. As crianças precisam compreender o processo de velhice, que faz parte da vida, e a necessidade do respeito.

É preciso promover o conhecimento sobre o envelhecimento e aumentar ações para inseri-los, cada vez mais, na sociedade.

Afinal, uma transformação na maneira de enxergar as pessoas mais velhas e suas capacidades parece não ser somente uma questão de respeito e ética, mas também de qualidade de vida e saúde pública.

Imagem: Reprodução/ Imagem ilustrativa
Por Valber da Costa
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