Perda e recomeço na primavera dos museus

 

Primeira Escola de Entre-Rios, depois Fórum da Comarca de Três Rios, hoje Casa da Cultura e futuro Museu Histórico Cultural de Três Rios. Foto - década de 30, do acervo Casa da Cultura


Entre os dias 20 e 26 de setembro, acontece em todo o Brasil a 15ª Primavera dos Museus - temporada de eventos coordenada pelo Instituto Brasileiro de Museus - Ibram. 

A edição deste ano tem como tema Museus Perdas e Recomeço.Segundo o texto divulgado pelo órgão, o tema remete ao poema Resíduos, de Carlos Drummond de Andrade que ilustra a condição ambígua que é a história, marcada desde sempre por essa relação avassaladora, mas constitutiva de todos nós, a perda!

O Ibram reporta no texto, que este momento obriga que os museus sirvam aos indivíduos que, perplexos diante de tantas perdas, pedem acolhimento, pedem um lugar de reflexão e de recomeço. Que os museus se coloquem à serviço dessa acolhida!

Os museus, tendo em seus acervos elementos do que restou, memórias de momentos que se acabaram, lembranças de emoções transmutadas na materialidade dos objetos, tornam-se grandes bibliotecas de emoções humanas, grandes repositórios de sentimentos e experiências que a humanidade viveu ao longo da existência.

Com essa temática a proposta do evento da 15ª Primavera de dar sentido e ressignificar as perdas, em todo ao Brasil centenas de museus estarão com programação durante toda a semana.

Em Três Rios a programação do Museu Histórico Cultural, em fase de institucionalização será no sentido de refletir sobre a perda e o esquecimento, tema abordado pela ótica dos descendentes dos escravos libertos da Fazenda Cantagalo, afrodescendentes que formaram a Colônia Nossa Senhora da Piedade.

A palestra será com professora historiadora mestre em memória social, Isabela Innocencio autora do livro Memoria dos Afrodescendentes no Vale do Paraíba, sobre de memória, história e esquecimento em Três Rios,1882-1955 lançado em 2015. Após a palestra a historiadora vai apresentar aos interessados exemplares da reedição do livro.

A perda no setor do patrimônio cultural do município será tema da palestra da professora mestre em geografia, geógrafa Rosangela Ribeiro, que visitando o mito fundador e o mito formador da cidade de Três Rios - denominada Esquina do Brasil, conforme sua tese de mestrado Três Rios–RJ.

A Crise dos anos 80 e o mito da Esquina do Brasil, de 2009 pode indicar a ideia do progresso como uma construção para o apagamento do passado antiquado.

Ainda nesse sentido a palestra com a museóloga mestre em museologia, Ana Carolina Maciel será momento para refletir o papel dos museus nesse contexto de pandemia, de começo e/ou recomeço diante das perdas em diferentes níveis nessa função objetivo dos museus que são pesquisar, comunicar e preservar a história do passado no sentido de entender o presente, e orientar para o futuro.

O evento que será gravado na Casa de Cultura contará com apresentações artísticas de diferentes expressões celebrando a importância e a função que a arte teve durante o isolamento social, seja pela dificuldade vivida pelos artistas impedidos de exercer seu oficio ou no sentido de contribuição para amenizar o sofrimento de muitos.

Foram os artistas que proporcionaram um grande alento durante o isolamento social da população no auge da pandemia, com as apresentações online e as diversas manifestações e obras de arte disponível ao público. Fique atento e veja nas mídias sociais a divulgação da programação.

Por Vera Alves
Imagem: Divulgação

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