Compartilho com o leitor amigo o testemunho de Darlei Alves, Coordenador Diocesano da Pastoral Afrodescendente, na Missa da Esperança, no sétimo dia após o falecimento do Mestre Bayano.
Essa recordação da vida foi feita com a participação dos irmãos(as) e amigos(as) de caminhada que bem conheciam o Mestre Bayano... Tamanha a minha responsabilidade neste momento em poder ser o porta voz e aqui trazer a memória de momentos importantes de sua vida.Inicio, assim, com a fala do coordenador da Pastoral Afro Trirriense Pedro Mendes: “Hoje o quilombo dos ancestrais está em festa pois juntos de todos saudosos irmãos de caminhada -Mestre Deolésio, Mestre Cid (Valença), Tia Lurdes, Sr. Sílvio, Dona Nininha e nossa querida companheira Claudia Tomaz e tantos outros irmãos e irmãs de luta como nosso querido Pe. Rocha – o Mestre Bayano está fazendo aos sons dos atabaques e do berimbau adança da redenção e ressureição; e assim nos fortalecendo para que a luta do povo negro pobre e sofrido não fique somente em palavras, mas na pratica da fraternidade e solidariedade com os humildes...”
Mestre Bayano sempre foi sinal de profecia através da participação na vida da Igreja. Tereza de Souza nos relembra bem que ele foi nosso delegado no 9º Encontro Intereclesial das CEBs-Comunidades Eclesiais de Base, juntamente com a saudosa Tia Lurdes, no Maranhão.
Além de articulador e implementador dos Círculos Bíblicos na Paróquia de São Sebastião, também por um bom período foi representante no CPP-Conselho Paroquial de Pastoral e no CDPA-Conselho Diocesano de Pastoral, inclusive com participação em muitas Assembleias paroquiais e diocesanas.
Eu lembro-me bem que o próprio Mestre Bayano nos deu testemunho em nossa últimaMissa afro-inculturada, aqui no triângulo, antes da pandemia, narrando que ele juntamente com a Tia Nadyr de Paula (cocredora da Pastoral Afro Diocesana com Pe Rocha) contribuíram efetivamente com os estudos para o documento da CF88-Campanha da Fraternidade de 1988 cujos tema era “A Fraternidade e o Negro”e o lema “Ouvi o Clamor deste Povo”; campanha esta que marca o nascimento oficial e reconhecimento por parte da Igreja da Pastoral Afrodescendente.
Eu lembro-me bem que o próprio Mestre Bayano nos deu testemunho em nossa últimaMissa afro-inculturada, aqui no triângulo, antes da pandemia, narrando que ele juntamente com a Tia Nadyr de Paula (cocredora da Pastoral Afro Diocesana com Pe Rocha) contribuíram efetivamente com os estudos para o documento da CF88-Campanha da Fraternidade de 1988 cujos tema era “A Fraternidade e o Negro”e o lema “Ouvi o Clamor deste Povo”; campanha esta que marca o nascimento oficial e reconhecimento por parte da Igreja da Pastoral Afrodescendente.
E olha que no Estado do Rio de Janeiro infelizmente Dom Eugênio Salles criou um outro subsidio e dificultou o acesso aos documentos e subsídios que foram produzidos pelo nosso povo e publicados pela CNBB-Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Tamanha foi sua dedicação, que o Mestre Bayano foi representante da Pastoral do Negro num fórum internacional promovido pela Central Franciscana em que na ocasião apresentou apontamentos e reflexões sobre a exclusão social no Brasil.
Tamanha foi sua dedicação, que o Mestre Bayano foi representante da Pastoral do Negro num fórum internacional promovido pela Central Franciscana em que na ocasião apresentou apontamentos e reflexões sobre a exclusão social no Brasil.
E isso, juntamente com o também saudoso Mestre Deolésio através da Central de Movimento Populares.
Estiveram presentes em alguns países de grande parte da Europa como Alemanha, Áustria e Hungria, para palestrarem sobre suas experiências e atuações em relação ao tema do fórum.
Agora no contexto social é preciso trazer presente que Mestre Bayano fez a articulação e mobilização para a criação da Praça Zumbi dos Palmares, na Morada do Sol.
Agora no contexto social é preciso trazer presente que Mestre Bayano fez a articulação e mobilização para a criação da Praça Zumbi dos Palmares, na Morada do Sol.
Há ainda de se lembrar que foi dele a iniciativa em 1992, e muito bem aceita pelo então vereador Amauri Rodrigues, da criação do Dia Municipal da Cultura Negra no município de Três Rios.
Irmã Aparecida (Fdz) e Renato Silva, seu contramestre, com muita alegria recordaram que Mestre Bayano foi voluntário em diversas instituições filantrópicas, clube de serviços e escolas de ensino.
Irmã Aparecida (Fdz) e Renato Silva, seu contramestre, com muita alegria recordaram que Mestre Bayano foi voluntário em diversas instituições filantrópicas, clube de serviços e escolas de ensino.
Foi o primeiro voluntário a desenvolver as atividades na Obra Social Madre Palmira Carlucci, no bairro Santa Terezinha, através dos ensinamentos da capoeira, que ainda hoje ainda funcionam.
Não só por lá, mas em diversos bairros do nosso Município, bem como no distrito de Bemposta e ainda em outras cidades da nossa região como Areal, Levy Gasparian, Sapucaia e Paraíba do Sul.
Pela capoeira Mestre Bayano tinha como principal objetivotirar as crianças e adolescentes das ruas para que sua situação de vulnerabilidade não as levassem para outros caminhos como os da drogadição, da exploração entre outras mazelas que tanto assombram essa parcela da população.
Através da disciplina e do respeito, consigo e com os outros, ele sempre fazia da roda de capoeira muito além do que simplesmente uma pratica esportiva e cultural.
Pela capoeira Mestre Bayano tinha como principal objetivotirar as crianças e adolescentes das ruas para que sua situação de vulnerabilidade não as levassem para outros caminhos como os da drogadição, da exploração entre outras mazelas que tanto assombram essa parcela da população.
Através da disciplina e do respeito, consigo e com os outros, ele sempre fazia da roda de capoeira muito além do que simplesmente uma pratica esportiva e cultural.
Sempre colocava em pauta a garantia de direitos e a defesa da cidadania e da vida e da dignidade humana pautados pelo Evangelho.
Chegou muitas vezes dar de comer, pois sabia bem da realidade de muitos; que como ele sempre dizia: “Saco vazio não para de pé e muito menos ginga capoeira”.
Enfim.... teríamos aqui muitas outras belas e marcantes lembranças da história de vida do Mestre Bayano, e por isso em nome da Coordenação Diocesana de Pastoral Afro quero aqui lhes dizer que iremos promover um memorial de falas e diálogos para então poder registrar todos os seus feitos que são para nós um verdadeiro legado.
Se possível quero ainda dizer que ele sempre me chamava de “Meu Camaradinha” e isso muito me intrigava, pois à outras pessoas ele chamava de “camarada”.
Enfim.... teríamos aqui muitas outras belas e marcantes lembranças da história de vida do Mestre Bayano, e por isso em nome da Coordenação Diocesana de Pastoral Afro quero aqui lhes dizer que iremos promover um memorial de falas e diálogos para então poder registrar todos os seus feitos que são para nós um verdadeiro legado.
Se possível quero ainda dizer que ele sempre me chamava de “Meu Camaradinha” e isso muito me intrigava, pois à outras pessoas ele chamava de “camarada”.
Até que um dia eu o questionei e sua resposta foi: você ainda está a fazer o caminho do amadurecimento.
Mas quando depois de um longo processo de conversas e diálogos resolvi me candidatar ao cargo de vereança quando fui falar com o mestre do meu propósito, como em uma das nossas inúmeras e longa conversa ele simplesmente me disse: “Meu Camarada é isso aí. Vamos juntos nessa...”
Quero encerrar dizendo a vocês que nosso último projeto juntos foi o “Papai Noel Africano”, com o objetivo de visitar as escolas do município para então falar sobre a garantia de direitos fundamentais.
Quero encerrar dizendo a vocês que nosso último projeto juntos foi o “Papai Noel Africano”, com o objetivo de visitar as escolas do município para então falar sobre a garantia de direitos fundamentais.
Mestre Bayano, vestido de Papai Noel nas cores africanas, com o saco de presentes e ao som do Berimbau cantava: “Igualdade, Sim! Educação, Sim! Saúde, Sim! Paz, Sim! E Racismo NÃO!!!”. Axé e paz irmão Mestre Bayano. Para sempre PRESENTE em nossa caminhada!
Por Padre Medoro
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