A crise instalada no sistema educacional brasileiro devido ao fechamento das escolas por período superior a um e meio ano letivos, no ritmo da translouca sintonia das medidas restritivas da pandemia da covid-19, trouxe prejuízos irreparáveis às novas gerações e já se refletem no declínio ainda maior nos índices de aproveitamento escolar de milhões de crianças, adolescentes e jovens matriculados na maioria das nossas escolas públicas.
Não se trata de buscar culpados pelo estrago causado, mas de canalizar esforços no sentido de ofertar estratégias pedagógicas contemporâneas da tecnologia de informação e comunicação, voltadas para a redução dos seus reflexos negativos no aproveitamento dos estudantes.
É importante destacar que as medidas adotadas para continuidade ao processo ensino-aprendizagem por meio de plataformas digitais, não atingiram seus objetivos e agonizaram no nascedouro, inviabilizadas pelas precárias condições estruturais das escolas públicas para sua consolidação e pela carência de recursos disponíveis na realidade dos estudantes em suas residências ou comunidades sobremaneira desprovidas de condições mínimas para acesso à internet.
Fatos incontestes resultantes do não provimento de equipamentos e dispositivos eletrônicos para garantir que as estratégias pedagógicas implementadas contemplassem a todos.
O que mais se exacerbou foi a constatação da falta de profissionalismo de alguns professores para intervir minimizando os desastrosos prejuízos imputados aos alunos, numa demonstração inequívoca da pouca sintonia, satisfação e compromisso ético com o magistério, em particular, no ensino fundamental e médio, pilares do desenvolvimento do raciocínio para operações básicas de cálculo e interpretação imprescindíveis ao desempenho das habilidades pedagógicas designadas aos estudantes.
Enquanto alguns professores se omitiam, esferas conscientes da sociedade, por outro lado, observavam com surpreendente atenção, valendo-se da reflexão imparcial para melhor compreender o que se passava nos palcos do nosso aparelhado e complexo sistema público educacional.
Enquanto alguns professores se omitiam, esferas conscientes da sociedade, por outro lado, observavam com surpreendente atenção, valendo-se da reflexão imparcial para melhor compreender o que se passava nos palcos do nosso aparelhado e complexo sistema público educacional.
É difícil compreender as razões para se manter trancadas inúmeras escolas públicas, afinal, constituem espaços sagrados reservados para a que as famílias confiem seus filhos aos professores para que tenham acesso ao conhecimento educacional institucionalizado, formal.
Minha carreira profissional na educação superior, há mais de 40 anos, confere credencial para pontuar que a falta de iniciativa dos professores que atuam nas escolas da rede pública municipal, estadual e federal, planejando, executando e avaliando estratégias compensatórias para atender aos alunos que ficaram sem acesso ao ensino remoto, reproduz o que há muito se mostra contundente através de narrativas de cunho corporativista ou ideológico, sem nexos com os princípios e diretrizes da educação escolar nas sociedades desenvolvidas.
A propósito, profissionalismo se coaduna fundamentalmente com sentimento de profunda satisfação, responsabilidade e identificação com o que desenvolvemos na esfera profissional, sendo primordial para quem atue em funções de ensino, assistência social, saúde, entre outras áreas do conhecimento que lidam diretamente com seres humanos, sobretudo no setor público.
Pena que ainda existam profissionais exercendo atividades em diversas carreiras sem cultivar menor afinidade e intimidade pessoal com o objeto e prática a elas inerentes.
As maiores vítimas são os mesmos, que amargam a angústia de estar onde não desejam e fazendo o que não lhes agradam, nutrindo sentimento de revolta e frustração por se olhar no espelho e se ver inteiros diante da própria pequenez humana.
Não menos vitimados todos que necessitam dos seus produtos, serviços e atenção, e padecem por não receber a contrapartida estimada.
As considerações aqui pontuadas são resultantes do observado e constatado na realidade da região mais rica e desenvolvida do ponto de vista tecnológico e industrial do país, a região Sudeste, do Brasil. País rico, de dimensão continental e extremamente desigual na distribuição das suas riquezas.
As considerações aqui pontuadas são resultantes do observado e constatado na realidade da região mais rica e desenvolvida do ponto de vista tecnológico e industrial do país, a região Sudeste, do Brasil. País rico, de dimensão continental e extremamente desigual na distribuição das suas riquezas.
Imagino o que essas considerações representem para algumas centenas de milhares de estudantes que vivem em comunidades com escolas sem teto, paredes, banheiro, merenda, água e saneamento básico, nas quais ensino remoto não passa de miragem, coisa de outro mundo, ou “coisa de gente rica”.
Por Wiliam Machado
إرسال تعليق