Dia do Motorista: uma data comemorativa, mas que pede reflexão


Padres abençoando carros em comemoração ao dia de São Cristóvão, em 2019, na cidade de Três Rios/Crédito: Fernando Ferreira

O Dia do Motorista, comemorado anualmente em 25 de julho, tem como objetivo homenagear todos aqueles que estão diariamente no trânsito. A data escolhida para a celebração foi determinada com base no dia dedicado a São Cristóvão, o santo padroeiro dos motoristas.

No Brasil, a homenagem ao santo foi criada em 21 de outubro de 1968. Em 2019, antes da pandemia, o dia de São Cristóvão foi comemorado em Três Rios com uma distribuição de bênçãos a centenas de veículos na Praça São Sebastião, no Centro.

A ação, que teve início pela manhã, seguiu até o final da tarde. Na ocasião, O Padre Rafael Plato Lori Nuka, auxiliado pelo padre Rullian Kopke, abençoou veículos e motoristas. Na época, uma matéria do Entre-Rios Jornal relatou elogios feitos por católicos à iniciativa.

“Com a violência no trânsito não é demais receber as bênçãos para a proteção divina dos veículos e seus ocupantes", é uma das falas registradas em matéria publicada pela redação. De acordo com informações, o relato é de uma das motoristas que passou pelo local para ser abençoada pelo pároco.

Se tornar motorista requer estudo, dedicação e muita consciência. E é na autoescola onde motoristas de todos os tipos são formados todos os anos.

Entretanto, como tudo que envolve a relação entre seres humanos, estar no trânsito pode ser complicado, principalmente para quem está aprendendo. Rayne Pereira, instrutora de uma autoescola situada em Paraíba do Sul, relata que percebe em seus alunos um receio de atrapalhar outros motoristas enquanto fazem aulas.

“A parte mais difícil é que as outras pessoas não têm empatia com aqueles que estão aprendendo”, acrescentou.

No fim, esse receio pode atrapalhar o aprendizado dos alunos e seu desempenho na prova teórica e na prática, pois ambas exigem confiança e preparo. Rayne deixou um recado aos que farão a prova futuramente: “respire fundo antes de começar a prova, pense no passo a passo e não tenha pressa. Esqueça as pessoas ao seu redor e siga o que foi ensinado pelo seu instrutor”.

É importante lembrar que há um processo de adaptação dos novos motoristas quando saem da autoescola e precisam lidar com o trânsito sem o auxílio de outra pessoa.

A instrutora afirma que a prática é fundamental nesse processo, pois é ela quem concretiza tudo que foi ensinado em sala de aula na autoescola. "Minha dica principal é praticar, mesmo que com medo. Não pare, continue e com a prática você vai ganhar confiança. Errar faz parte do processo”, finalizou.


Rayne Pereira, instrutora em autoescola, com uma de suas alunas recém aprovada na prova prática


O preconceito

Além disso, as mulheres enfrentam diariamente preconceito referente a suas ações no trânsito. A ideia de que dirigem mal e erram mais que os homens nas estradas não passa de um preconceito enraizado no imaginário de milhares de brasileiros.

Vanessa Muniz, moradora de Paraíba do Sul, trabalha como condutora e atualmente é motorista de guincho.

Questionada sobre a famosa frase “mulher no volante, perigo constante”, ela fala sobre como lida com comportamentos do tipo: “Eu procuro fazer o meu trabalho corretamente e mostrar que essa frase é apenas um machismo insignificante. No início eu tinha muito medo, mas ergui minha cabeça e não dei ideia para as opiniões negativas. Eu segui em frente e hoje me sinto realizada, pois ser motorista sempre foi meu sonho”.


Perigos no volante

Embora dados do Ministério da Infraestrutura/Denatran demonstrem que o Brasil possui cerca de 74 milhões de condutores habilitados, a taxa de acidentes no trânsito ainda é expressiva. Registros do Ministério da Saúde apontam que entre 2009 e 2019, mais de um milhão e meio de pessoas ficaram gravemente feridas em acidentes na estrada.

De acordo com Geovane Batista dos Santos, motorista profissional há 14 anos, o álcool e a inconsequência são os principais causadores de acidentes.

Segundo ele, é cotidiano se deparar com motoristas, profissionais ou não, que são imprudentes no trânsito. “Já presenciei ultrapassagens em locais proibidos e de pouca visibilidade (...) Hoje em dia o álcool mata muito. Infelizmente, de vez em quando nos deparamos com situações dessas (se referindo a acidentes na estrada)”, contou.


Geovane, motorista há 14 anos, ao lado de seu caminhão

Além do perigo das estradas, Geovane confessa sentir muito a falta da família. Ele trabalha como carreteiro desde 2007 e encara a distância sempre que precisa ir para longe por alguns dias. “A parte mais difícil da profissão é ficar longe da família, né? De quem a gente gosta, de quem a gente ama (...) Mas a melhor parte é conhecer lugares diferentes, já que eu rodo o Brasil praticamente todo trabalhando”, finalizou. Enquanto falava sobre sua família, o motorista ressaltou que é importante estar no trânsito e ter consciência de que alguém sempre te espera em casa. Geovane lembra que atrás de cada volante há uma pessoa com uma família em casa que a espera. “Se conscientizem no trânsito, tenham mais amor ao próximo e mais amor à vida.”, pediu.

Neste domingo (25), mais um dia dos motoristas será comemorado. A data serve para homenagear, mas chama atenção para a urgência de se conscientizar sobre suas próprias ações no trânsito. Nossos parabéns a todos os motoristas, recém formados ou não, que atuam na região Centro-Sul!


Autoescola

Para aqueles que pretendem ingressar na autoescola, mas não têm noção de valores ou qual modalidade escolher, confira a média de preços para cada categoria de carteira de habilitação:

  • A (Moto): R$ 1.300 a R$ 1.800
  • B (Carros e veículos de carga leve): R$ 1.680 a R$ 2.000
  • AB (Carro e moto): R$ 1.900 a R$ 2.520
 
A categorias abaixo possuem exigências de um ou mais anos de experiência em outras categorias, além de idade e comportamento no trânsito, entenda:

C (Caminhões pequenos e veículos de carga entre 3.500 e 6000 kgs de peso total): exige que você esteja habilitado, no mínimo, há um ano na categoria "B", não tenha cometido nenhuma infração grave ou gravíssima e não seja reincidente em infrações médias nos últimos doze meses.

D (Caminhões e microônibus com mais de oito lugares para passageiros): exige que você tenha no mínimo 21 anos, esteja habilitado há um ano na categoria “C” e não tenha cometido nenhuma infração grave ou gravíssima, nem seja reincidente em infrações médias durante os últimos doze meses.

E (Todos os veículos das categorias B, C e D, além dos veículos com reboque): exige que você tenha no mínimo 21 anos de idade esteja habilitado, no mínimo, há um ano na categoria "D" e há pelo menos dois anos na categoria "C". Além disso, é necessário não ter cometido nenhuma infração grave ou gravíssima, ou ser reincidente em infrações médias, durante os últimos doze meses.

Fotos: Reprodução/ Acervo Pessoal
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