A testemunha dos primeiros solos

Crédito: Reprodução



Cheguei ao Flamengo, em 1976, junto com o melhor lateral direito do país : Toninho Baiano. Que, na ocasião, voava.

O treinador, Carlos Froner, disse ao então titular da posição, Junior. "Chegou essa fera aí. Quer tentar jogar na lateral esquerda?". Lá jogava Wanderley Luxemburgo.

As chances na outra lateral eram maiores, certamente.

Como ponta esquerda, eu marcava mais que atacava, e o Junior atacava melhor que marcava. Não foi uma adaptação difícil.

Se essa fosse uma coluna de autoajuda, diria: nunca diga não, como Junior não disse, aos novos desafios. Pois ele prontamente topou.

E acabou indo além. Humilde, determinado, mesmo no princípio todo torto, foi se ajeitando para desespero dos adversários, liberando seu talento para a alegria de toda uma nação.

Destro, como Marinho Chagas, quando driblava para fora não encontrava mais a linha de fundo para realizar um cruzamento. Encontrava um gol, um campo aberto para liberar, não conter, o tamanha da sua habilidade.

Quando todos perceberam, emergia do outro lado do campo não apenas um diferenciado lateral-esquerdo, mas um solista que se tornaria o maestro de toda a orquestra rubro-negra.

Toda vez que o Galvão Bueno chama o Maestro para explicar a partida, guardo comigo um grande orgulho: eu fui o primeiro a ouvir os acordes do seu violino. Assumir a batuta, foi questão de tempo e de títulos.

Junior, que domina a bola, a praia, o conceito família e o pandeiro, é o símbolo maior da nossa cobiçada diversidade.

Ele, sim, nos representa. 

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